Nancy de Andrade Pinto projeta na pintura emoção, meditação e um sentido de profundidade

Emanuel von Lauenstein Massarani
29/05/2003 15:45

Compartilhar:


O traço de Nancy de Andrade Pinto, uma certa violência no uso da cor e a maneira pela qual chega à imagem, indicam de imediato uma certa aproximação da pintora ao expressionismo. O sentido desses elementos e da obra na sua totalidade é direcionado para dar a impressão psíquica, que transportando sua idealização a uma zona mágica, o objeto perde a conotação direta.

Qual é a poética dessa artista? Ela entende exprimir a emoção que as coisas provocam quando, eliminados os controles e a vontade, estamos mais atentos e, portanto, indefesos à provocação. Nancy de Andrade Pinto procura colher a emoção meditada no estágio, quando essa já se tornou sombra na memória pode não exprimir assim a sua ressonância. Uma vez destacado de sua matriz material, o sentido se torna duradoura representação que nos transmite uma sensação de profundidade.

O mundo vive, hoje, uma desesperada angústia e a arte exprime esse sentido de desolação, alcançando de um lado posições assumidas e de outro não. Nancy de Andrade Pinto adotou uma concepção metafísica e encantada para transmitir os seus sentimentos. A pintora cria imagens onde o mundo, como num vórtice, acalmada a agitação, se deposita na matéria uma silenciosa poesia. Entre as malhas das cores, as vezes serpenteia um vazio claro, as vezes um escuro e nessa rachadura a imagem transmite sua alegria ou sua dor.

Pelo uso parcimonioso da cor, seus temas se transformam em verdadeiras variações líricas e constituem, em resumo, na busca contínua de sua alma. Entretanto, não podemos defini-la como figurativa nem como abstrata, mas é tanto uma como outra.

Substancialmente é de se relevar que a pintura de Nancy de Andrade Pinto, como na obra ¨ Movimento Vida IV ¨, doada no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, encontra uma característica de fundo na sensibilidade que provêm de um dramatismo pessoal onde permanece sempre o espaço essencial e determinante do seu protagonista. Por conseqüência, através da busca de algo interior, peculiar e sofrido, sua pintura é tensa e amadurecida.

A Artista

Nancy de Andrade Pinto, de nome artístico Flatea, nasceu em São João da Boa Vista, São Paulo, no ano de 1936. Autodidata, suas obras foram destacadas nos anuários ¨ Artes Plásticas Brasil ¨ ( Ed.1995/1996/2000 ); Guide de l'Art le Sermadirras, Paris, França; Anuário Latino Americano de Artes Plásticas; Projeto Brasil 500; Annuaire Salon des Independants, Paris, França; Artistas Brasileiros Post Card, Anuário de Arte Brasileira.

Acervos particulares do Brasil, Portugal, Alemanha, França, Estados Unidos, India, Peru, México e Grécia possuem suas obras que foram premiadas em inúmeros salões concursos e galerias de arte.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas destacando-se entre elas: VI Encontro das Comunidades Hellenicas da América Latina no Rio Grande do Sul; Galeria de Arte do Club Athletico Paulistano SP (1992); Festival Latino Americano de Arona, Itália; Festival Latino Americano em Milão; Museu de Espirito Santo do Pinhal - SP; Espaço Cultural do Banco do Brasil, Mogi Guaçu; Espaço Cultural Humberto Frediani, Pinacoteca Municipal de Amparo (1993); Exposição de pintura Ecológica na USP (1994); Galeria Alhambra, Santos SP; Espaço Cultural Rosa Cruz, SP (1995); International Brazilian Fines Arts, New York - Estados Unidos; Galeria de Arte CCBEU em Santos - SP (1996); II Salão de Interclubes Belas Artes, São Paulo; Fundação Barretos, SP; Galeria de Arte da Imprensa Oficial do Estado, São Paulo (1997); XII Congresso das Comunidades Ortodoxas Gregas da América Latina - SP; Galerie Everarts, Paris - França (1998); I Salão Internacional de São Paulo de Arte Contemporânea - SP; I Expo Brasil - México World Trade Center - México; Anuário Latino Americano de Artes Plásticas de Montevidéu - Uruguai (1999); Salão Vip Aeroporto Internacional de Cumbica - Guarulhos SP; Casa de Cultura CAOA São Paulo (2000); Foire de Caen, Normandia - França; Mergulho Cultural Athenas, Rhodes, Grécia; Salão de Cultura e Arte Campos do Jordão (2001); Centro Cultural da Marinha - SP; Casa Grande Hotel, Arte Grega - Guarujá; Galeria de Arte Canadá SP (2002); Centro de Convenções Rebouças, São Paulo (2003).

alesp