É isto. Só isto

Opinião
01/06/2005 19:04

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São muitas as formas de se dar ao dinheiro público destino indevido. A corrupção é apenas a mais evidente delas. Estudos recentes nos dão conta de que de 3% a 5% do Produto Interno Bruto (Pib), algo além de R$ 70 bilhões, todo santo ano, pulam dos cofres públicos para contas e bolsos privados. Indevidamente.

Não é por acaso que onze entre dez brasileiros acreditam que a corrupção atual equivale às saúvas de antanho, dos tempos de Policarpo Quaresma. Mais que prender os corruptos que abundam é preciso criar mecanismos que dificultem sua ação deletéria. A CPI dos Correios, portanto, tem missão prioritária a cumprir.

Uma leitura ligeira na edição do dia 29 de maio do jornal Folha de S. Paulo, no entanto, nos dá régua e compasso para entender o óbvio ululante: que falta de projetos, de prioridades e de competência também faz muito mal à saúde já combalida dos brasileiros. Desse conjunto de carências o governo federal é, por assim dizer, vergonhosamente, imbatível.

Lá pelas tantas, na página A-15, nos é dado saber que, só neste ano, sem que se contabilize as despesas com a última viagem à Ásia, o governo federal de Lula da Silva gastou com a manutenção do Aerolula a bagatela de R$ 2,8 milhões, em combustível e diárias com sua tripulação. Não é tudo "e antes fosse. Para manter as tropas brasileiras no Haiti "e fazer jus à errática política externa do governo petista -, o país já gastou R$ 340 milhões, três vezes mais do que foi gasto com o pagamento das despesas com o reaparelhamento do Exército brasileiro no ano de 2004. Tudo isso porque Lula quer "impressionar" o mundo E " Santo Cristo! " conquistar para o país uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.

Desbravador dos sete mares e obcecado pela idéia de ser líder de uma fatia do mundo, o presidente Lula, baseado no que nos informam os jornais, optou por colocar o BNDES " o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social " a serviço do desenvolvimento dos outros! Sim, porque o BNDES, em dois anos de Lula, já investiu R$ 1,1 bilhão na construção de linhas de metrô na Venezuela, na malha viária da República Dominicana, em hidrelétrica no Equador. E muito mais fará, pelos "hermanos de nosotros". De acordo com o jornal, o BNDES pretende financiar projetos no valor de R$ 7,17 bilhões para obras em países vizinhos.

Claro que só gente como nós, dada a ver sempre o lado negativo das coisas, é que fica um pouco irritada com notícias tão banais. Afinal, por aqui tudo funciona bem. Não há estradas com buracos, nem portos a serem modernizados, menos ainda ferrovias em frangalhos. Nada mais justo, portanto, que investir o dinheiro que foge com os ladrões em benefício dos irmãos. Aliás, por aqui as coisas andam tão bem, que, na mesma edição, uma página atrás, o jornal nos informa que o governo resolveu gastar a bagatela de R$ 900 mil para colher a opinião de umas tantas pessoas ilustres sobre um plano estratégico que estaria sendo traçado para 2022! É isto mesmo: 2.022!

Nada contra quem planeja o futuro. Desde que não se desobrigue de cuidar do presente.

*Milton Flávio (PSDB) é professor de Urologia da Unesp (Botucatu) e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

alesp