Opinião - Muito além de uma questão de gênero


06/07/2011 15:20

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Em tempos de uniões homoafetivas, denominação escolhida por ser menos preconceituosa, é arriscado tecer qualquer tipo de crítica e ser tachado de preconceituoso ou mesmo homofóbico. Mas me utilizo da liberdade de expressão, enquanto isso ainda é constitucional, para falar sobre um assunto que vem me intrigando nos últimos tempos. Como já disse por diversas vezes sou, sim, contrário a qualquer tipo de manifestação agressiva contra homossexuais. Mas porque eles insistem em utilizar expressões, objetos e referências religiosas em suas aparições, se quando um heterossexual o faz se torna ofensivo?

A imprensa, em sua maioria, defende arduamente os gays, mas finge não ver a provocação feita na última Parada Gay, onde alguns participantes representaram santos católicos como se fossem homossexuais, seminus e em posturas eróticas, ao lado das mensagens: "Nem santo te protege" e "Use camisinha". Se algum religioso decide se queixar desse tipo de expressão é, no mínimo, considerado um ditador e homofóbico, além, é claro, de gay enrustido. Hoje, nós, que escolhemos nos relacionar com uma pessoa do outro sexo, não podemos fazer críticas ou analogias à escolha sexual deles, na verdade, os homossexuais vão além; denominam a relação deles como homoafetiva, baseada apenas no afeto, enquanto a nossa é heterossexual baseada apenas na procriação.

Alguém já parou para pensar, por exemplo, que por definição e associação não existe casal gay e, sim, dupla gay, pois um casal é formado por homem e mulher? Mas a imprensa utiliza essa expressão massivamente para que não pensemos no real significado que essa palavra tem para nós. Sei que muitos estudiosos da língua dizem que não há problema com essa expressão, porque a língua é uma construção histórica que reflete uma sociedade. Mas alguém perguntou para a sociedade, enquanto maioria, o que ele pensa? A sociedade participou da decisão do STF sobre a união homoafetiva? Na verdade, a sociedade está calada e tem sido bombardeada com informações completamente tendenciosas. A maior parte da população brasileira, cerca de 90%, é considerada cristã, mas mesmo assim a sua opinião não parece ter importância.

Com o lema Amai-vos Uns aos Outros: Basta de Homofobia, a 15ª Parada do Orgulho LGBT, fez referência a uma passagem bíblica. O trecho foi retirado de João 15:12: "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei". Amar como Deus nos amou não é apenas concordar, mas é também, repreender e admoestar como em: "Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é", Levítico 18:22. Faço questão de citar a bíblia, porque, infelizmente, trechos dela são utilizados sem o contexto real.

Na bíblia está escrito também: "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem", Marcos 10. O amor entre homem e mulher ao qual a palavra bíblica se refere é algo tão supremo que Deus chega a compará-lo com Sua relação conosco: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela", Efésios 5:25.

Me intriga também como repecurtiu a anulação de um casamento gay em Goiás. Poucos explicaram que o juiz apenas seguiu o entendimento de que o casamento homossexual, nos termos atuais, fere o parágrafo 3º do artigo 226 da Constituição Federal, que prevê que apenas casais heterossexuais se casem. Ou seja, qualquer pessoa ou entidade pode entrar na Justiça com uma ação de inconstitucionalidade e contestar a união.

Como se vê, nem mesmo a Constituição tem sido respeitada em nosso país. Para que o casamento gay seja aceito, será preciso ignorar a Constituição e também o Poder Legislativo. Porque o Congresso não apresenta uma emenda à Constituição para mudar a definição atual de família? Parece mesmo é que para driblar a eventual vontade do povo, apela-se ao Supremo. Que me perdoe Montesquieu, mas esse negócio de Três Poderes já era. Eles parecem não se importar com a vontade da família brasileira.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido.

alesp