Empresários de telecomunicações pedem apoio a parlamentares


04/12/2002 21:28

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Empresários que produzem fios e cabos de fibra ótica para a indústria de telecomunicações afirmam aos membros da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia que o setor enfrenta sérias dificuldades financeiras

DA REDAÇÃO

A pedido do deputado Caldini Crespo (PFL), a Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa, presidida pela deputada Célia Leão (PSDB), ouviu de um grupo de empresários das indústrias de fios e cabos para telecomunicações um breve relato sobre as dificuldades do setor, em decorrência de uma visão muito otimista do governo federal e da Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, no início do processo de instalação das operadoras de telefonia celular no Brasil.

História da crise

De acordo com o diretor presidente da Telcon S/A, Marco Vitiello, apesar de a crise do setor ser mundial os empresários foram estimulados a importar equipamentos, contratar profissionais e investir em tecnologia de ponta impulsionados pelo "boom" da implantação das concessionárias das bandas A,B,C, D e E de telefonia celular e do advento da internet. "Entre 1998 e 2001, as empresas aumentaram consideravelmente os seu investimentos para atender a urgência das operadores de telefonia celular. Com a privatização do Sistema Telebrás, e com as concessões para telefonia celular, a Anatel estabeleceu algumas metas às empresas, que deveriam ser cumpridas até 2003. Mas, com a perspectiva de crescimento mundial, as operadoras anteciparam suas metas em dois anos, aumentando os seus estoques", explicou Vitiello.

O setor, que ia muito bem, começou a sentir dificuldades no segundo semestre de 2001, com o ataque terrorista aos Estados Unidos. "Com a recessão nos Estados Unidos, as empresas foram obrigadas a congelar sua produção em decorrência da estagnação das linhas de crédito", disse o representante da Telcon. "As operadoras formaram grandes estoques de material e pararam de comprar das empresas nacionais". Segundo o diretor presidente da Telcon, o estoque das operadoras de telefonia celular equipara-se a um ano de trabalho, "que não será totalmente utilizado em 2003".

Propostas à Comissão

Os empresários, que vieram ao Parlamento paulista apresentar propostas e pedir o apoio dos deputados estaduais para que o setor se restabeleça, informaram aos parlamentares que o quadro de funcionários de suas empresas foi reduzido em 70%. Em 1999, o setor empregou 1.500 funcionários, aumentando para dois mil em 2000 e caindo para 600 postos de trabalho em 2002. "A arrecadação de impostos das nossas empresas também diminuiu de R$ 150 milhões em 2001 para R$ 30 milhões em 2002", afirmou Marco Vitiello.

Entre as propostas apresentadas estão o aumento de subsídio tarifário para os consumidores das classes C, D e E; investimento, por parte do Estado, em informatização de escolas da rede pública, com acesso rápido à internet; diferenciação no pagamento de impostos estaduais, a exemplo do Estado do Paraná; a troca de cabos da rede de telefonia, com redução da carga fiscal; linhas de créditos específicas; e estímulos para que a Prefeitura de São Paulo troque a fiação aérea. "Acreditamos que essas medidas possibilitarão a recuperação dos nossos negócios. Talvez sem o entusiasmo do início", justificou Vitiello, que completou: "Os preços praticados pelas indústrias brasileiras são competitivos. Temos qualidade, cumprimos os prazos de entrega e temos suporte técnico. Não há motivos para as operadoras de telefonia celular importarem as matérias-primas que produzimos com a mesma competência do material importado", declarou Marco Vitiello.

Célia Leão anunciou aos participantes que a comissão vai encaminhar uma moção ao governo federal e à Anatel com as propostas do setor e declarou o apoio dos membros da Comissão aos empresários.

alesp