Movimento Metropolitano contra o Lixo Tóxico promove 2ª audiência pública


04/06/2003 15:51

Compartilhar:


Da assessoria da deputada Maria Lucia Prandi

Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Movimento Metropolitano contra o Lixo Tóxico (POPS) da Rhodia promove nesta quinta-feira, 5/6, a II Audiência Pública para discutir a contaminação ambiental gerada pela multinacional francesa. O evento acontecerá, a partir das 9h, na Câmara Municipal de São Vicente (rua Jacob Emmerich, 1.195 - Parque Bitaru).

Os debatedores serão o médico Alfredo Scaff, coordenador do Centro de Controle de Intoxicação do Hospital Guilherme Álvaro, o presidente da Cetesb, Rubens Lara, o procurador da República Antônio Donizeti Molina Dalóia e Marijane Vieira Lisboa, secretária de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.

"Este será um momento importante para que a região volte a refletir sobre todos os danos gerados a partir do despejo irregular de toneladas de resíduos tôxicos feito pela Rhodia em várias áreas da Baixada. A empresa tem que arcar com os males que causou para o meio ambiente e para a vida humana", enfatiza a deputada estadual Maria Lúcia Prandi, (PT) uma das fundadoras do Movimento Metropolitano.

Para a parlamentar, a exemplo do que ocorreu ano passado, "as pessoas devem lotar o plenário da Câmara, dando força à mobilização". Desde sua gestão como presidente da Câmara de Santos (1993-1994), Maria Lúcia luta por uma solução para o caso. Quando assumiu seu primeiro mandato na Assembléia Legislativa (1995), a deputada passou a defender a reserva de recursos estaduais para realização de um levantamento sobre contaminação de pessoas que moram em áreas próximas aos depósitos químicos da Rhodia.

Criado no início do ano passado, o Movimento reúne parlamentares da região, entidades de bairro, sindicais e de meio ambiente, além de organizações não-governamentais, como a ACPO. Desde sua criação, já promoveu diversos eventos, visando a responsabilização dos culpados pelo crime ambiental e a reparação dos danos causados. A última dessas ações foi uma audiência com o secretário Estadual de Saúde, Luiz Roberto Barata Barradas, quando ficou definida a realização de um Seminário Regional sobre a contaminação por organoclorados na Baixada.

Dados da OMS

Levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a contaminação causada pela Rhodia como um dos oito casos mais graves de desastre ecológico do mundo. Entre 1969 e toda década de 70, a Rhodia despejou, sem autorização e controle, toneladas de produtos tóxicos em dezenas de áreas da Baixada Santista. No início da década de 80, foram descobertos depósitos irregulares de lixo químico, situados em diversos pontos de Cubatão, São Vicente e Itanhaém.

Este despejo contaminou o meio ambiente por organoclorados (hexaclorobenzeno ou HCB) e também pelo pentaclorofenato de sódio, mais conhecido como pó-da-china. O HCB é conhecido como Molécula da Morte, estando entre os 12 poluentes mais perigosos do mundo. Estas substâncias são cancerígenas e mutagênicas, o que contribui para que a Baixada seja a região do Estado com maior incidência de câncer, conforme estudos já realizado.

João Carlos Gomes, diretor de comunicação da ACPO (Associação de Consciência e Prevenção e Ocupacional), aponta que a contaminação gerada pela Rhodiana Baixada é muito mais grave que outros casos com grande repercussão na mídia, como os de Paulínea, Santo Antônio da Posse e Duque de Caxias. "Não podemos permitir que a empresa continue fugindo às responsabilidades, deixando para trás todo passivo ambiental", conclui.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp