Opinião - Trânsito: saturação e desperdício


16/12/2009 16:21

Compartilhar:


O avanço cada vez mais preocupante da situação caótica do trânsito nas principais cidades brasileiras, notadamente em São Paulo, merece uma reflexão, planejamento e tomadas de providências urgentes por parte de todos nós, e, principalmente, das autoridades federais, estaduais e municipais que lidam com o assunto ou que possam oferecer subsídios para uma solução satisfatória.

Uma série de fatores envolve esse intrincado problema. Destacamos a crescente frota de veículos, especialmente de carros, agora estimulada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e também pela oferta de financiamentos a perder de vista, no rastro da recuperação da economia. Projeções da indústria automobilística indicam que em 2010 as vendas de veículos devem crescer em torno de 9% em relação a este ano. A produção deverá chegar a 3,39 milhões de veículos, uma expansão de 5,4% em comparação com 2009. Isso contrasta com a carência de recursos para melhoria do transporte público, principalmente na ampliação da malha metroviária.

As vias públicas praticamente são as mesmas de 20, 30 anos atrás, com exceção de alguns túneis construídos para melhorar a ligação entre pontos da Capital, principalmente na Zona Sul. Nem mesmo a construção do Rodoanel, ainda em execução, conseguiu amenizar esse problema crucial para os paulistanos e aos que aqui aportam. A qualquer hora do dia, as marginais dos rios Pinheiros e Tietê estão sempre engarrafadas, assim como outras importantes vias. Basta um acidente numa dessas artérias, ou uma chuvarada, e a cidade fica paralisada.

Só para citar um exemplo, entre muitos disponíveis: dias atrás, com a chuva que varou uma madrugada a capital ficou ilhada. Motoristas que vinham do interior não conseguiam acessar a cidade, outros não podiam sair, em razão dos alagamentos nas marginais. Mesmo dentro da cidade, os deslocamentos foram bastante prejudicados. Muitas pessoas moradoras da Zona Norte, por exemplo, desistiram de ir trabalho, pois não conseguiam ultrapassar o rio Tietê.

Essa situação revela um quadro desagradável, tanto do ponto de vista econômico como do conforto dos trabalhadores, estudantes e demais moradores da Capital. O desperdício de combustível, com o trânsito para-e-anda, horas de trabalho perdidas, poluição, formam um cenário negativo para a economia.

Outro dado preocupante diz respeito aos deslocamentos: tanto no transporte coletivo, como no transporte individual, as pessoas perdem muito tempo para ir ao trabalho, à escola, ao médico, ou na volta para casa. Tempo que seria muito útil para o lazer, a companhia dos familiares, melhorar a formação profissional e até mesmo para recuperar horas de sono perdidas.

Portanto, há muitas providências a serem tomadas. Precisamos acordar enquanto é tempo e evitar que esse caos se aprofunde cada vez mais, até chegar a um ponto em que a cidade ficará definitivamente parada. É preciso sair em busca de recursos para melhorar e expandir a malha do metrô, inclusive com a ampliação das plataformas nas estações já existentes, também consolidar o sistema ferroviário metropolitano, criar novos corredores de ônibus e oferecer mais veículos coletivos, aumentar as ciclovias e quem sabe até escalonar horários de trabalho de alguns setores. Com a palavra os especialistas no assunto que têm por obrigação nos ajudar a encontrar soluções que dê a tranqüilidade que São Paulo precisa.



* Vitor Sapienza é economista, agente fiscal de rendas aposentado e deputado estadual (PPS)

alesp