ELEIÇÃO DA CIDADANIA - OPINIÃO

Arnaldo Jardim*
23/08/2000 14:51

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Em outubro serão realizadas as eleições para prefeitos e vereadores em nosso país. Será um momento importante para iniciarmos o processo de mudanças necessárias que nos levarão à construção de um novo modelo de desenvolvimento, no qual os indicadores sociais e de qualidade de vida serão os parâmetros escolhidos para determinar a nossa verdadeira evolução.

A escolha dos novos prefeitos e vereadores precisa ser feita à luz das necessidades da cidadania e portanto não cabe mais o voto messiânico, em candidatos que encarnam a solução de todos os problemas e que acabam se constituindo em grandes decepções.

O prefeito precisa ser muito mais do que um bom gerente da prefeitura. Ele precisa reunir a comunidade e suas lideranças mais expressivas para definir um projeto de desenvolvimento para a cidade. Apenas a vitória no processo eleitoral não lhe dá a necessária legitimidade para defender os interesses de sua comunidade. Essa liderança precisa ser consolidada diariamente, por meio de uma gestão participativa, que incorpore nas diretrizes de seu governo as reais necessidades dos cidadãos do município.

O vereador, por sua vez, não pode se contentar em ser um mero auxiliar do prefeito ou um crítico automático que nega tudo sem nada propor. No novo mandato estará em vigor a nova Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece novas condicionantes para o prefeito e importantes atribuições ao Legislativo, no que diz respeito à elaboração e à fiscalização orçamentária. É óbvio que o vereador deva continuar a defender e prestar serviços à comunidade que o elegeu, mas no caso particular do PPS ele deverá estar em sintonia com os princípios partidários e, para tanto, terá que se transformar num agente na defesa da interação da sociedade com o Poder Legislativo. Isso significa dizer que ao vereador do PPS está destinado o papel de defensor da transformação do parlamento municipal num local de discussão permanente de um projeto de desenvolvimento para o município.

Enfim, é preciso transformar a administração pública, fazendo com que ela atenda o conjunto da população e priorize aquela parcela que mais depende dos serviços públicos. Um importante papel a ser desempenhado é o de despertar nos agentes públicos a consciência de que eles são funcionários do povo, pagos pelos impostos arrecadados e isso é um motivo de orgulho e de valorização do seu trabalho. A questão é colocar o foco no cidadão para recuperar a credibilidade da administração pública, rompendo com a burocracia, ganhando agilidade e promovendo a transparência no gasto do dinheiro público. É fundamental, para isso, que seja promovida a participação da comunidade para que a aplicação dos recursos esteja em consonância com os seus anseios e para que ela saiba exatamente como está sendo gasto o dinheiro arrecadado.

A hora da virada é agora. Está nas mãos da sociedade brasileira a responsabilidade de escolher homens e mulheres comprometidos com a ética, com a transparência e com uma gestão participativa que, de fato, venha ao encontro dos reais anseios da população.

*Arnaldo Jardim , engenheiro civil, é deputado estadual pelo PPS e Relator Geral do Fórum São Paulo Século XXI.

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