O FUTURO SEM DESEMPREGO - OPINIÃO

Edir Sales*
21/08/2000 17:15

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Recentemente o jornal Diário Popular publicou matéria que desperta esperança diante do cenário tão desconsolador da economia brasileira. O artigo, intitulado "Emprego na pequena indústria bate recorde" e publicado em 5/8, indica a abertura de novos postos de trabalho no setor de micro e pequenas empresas. Somente os governos federal e estadual não vêem que o segmento é um dos maiores geradores de renda e emprego no país.

Desde 1992, quando o sindicato da categoria passou a realizar a pesquisa sobre o crescimento do setor, não se registrava um número elevado de abertura de novos postos de trabalho, que saltou para 874 mil vagas este ano. Mas, como aponta a matéria do Diário Popular, o setor ainda enfrenta certas dificuldades como o elevado índice de inadimplência e a falta de crédito para a expansão de suas vendas. Além disso, os pequenos empresários têm receio de não suportar pagar o financiamento contraído, devido às altas taxas de juros.

Outra questão salientada, a qual me deixou bastante satisfeita, trata da diminuição do mercado informal e do crescente registro em carteiras de trabalho. Apesar dos dados ainda pequenos - aumento de 2% em relação ao mês passado -, podemos ter a esperança de que há mais pessoas contratadas com os direitos regulamentados.

Não devemos ter a ilusão de que estamos próximos do fim da crise econômica, uma vez que muito ainda precisa ser feito para a retomada do crescimento do país. Numa análise mais negativa dos dados apresentados, somente na região metropolitana, existem cerca de 18% de trabalhadores potenciais desempregados. Em comparação ao total de 874 mil pessoas contratadas pelas micro e pequenas indústrias, o percentual está muito abaixo do desejado.

Os pequenos empresários constituem a maioria empregadora do país, porém sofrem com os diversos tributos cobrados sobre as vendas das mercadorias. Sem a Reforma Tributária - imobilizada entre as opiniões dissidentes do Congresso Nacional e do governo federal - pouco poderá se avançar nessa discussão. As leis precisam estar mais estabelecidas, com tributações mais fundamentadas em tributações mais precisas e menos onerosas aos pequenos empresários.

O setor também está conscientizado em registrar seu empregado para que, em caso de dispensa, os direitos estejam acertados.

Diariamente as bolsas fecham em alta ou em baixa, o dólar sobe, as taxas de juros baixam em 1%. Ao tomar conhecimento dessas informações, imediatamente me questiono: em que tudo isso beneficia o trabalhador?

Os milhares de desempregados geralmente estão ligados a uma família e têm participação no seu sustento. Para ele, os diversos índices divulgados nada representam. O desempregado gostaria de pagar seu aluguel, alimentar seus filhos e ter um emprego estável. Ainda que o governo federal determine a redução das taxas de juros, como está fazendo, o reaquecimento da economia brasileira continua muito tímido. O desempregado procura trabalho durante meses sem obter sucesso e acaba por desacreditar no país, o que não poderia acontecer jamais.

Quero ressaltar o papel de duas entidades, a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que vêm desenvolvendo um trabalho voltado à reintegração do desempregado no mercado de trabalho, e a atuação de inúmeros sindicatos que buscam qualificar profissionalmente os trabalhadores através de diversos cursos, em parceria com o FAT.

Os trabalhadores precisam ser sempre incentivados e esses cursos proporcionam isso, ao estimular o empregado a progredir na profissão e os desempregados a trilhar um novo caminho.

O país também precisa de uma injeção de ânimo e da criação de novos empregos. Isso ocorrerá a partir de maiores investimentos no parque industrial brasileiro, com o incentivo ao crédito - através de taxas compatíveis ao mercado - para micro e pequenos empresários, com a qualificação da massa operária e com uma atitude mais responsável do governo federal na diminuição do desemprego no país.

*Edir Sales é radialista, palestrante, educadora e deputada estadual pelo Partido Liberal.

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