Recentemente o jornal Diário Popular publicou matéria que desperta esperança diante do cenário tão desconsolador da economia brasileira. O artigo, intitulado "Emprego na pequena indústria bate recorde" e publicado em 5/8, indica a abertura de novos postos de trabalho no setor de micro e pequenas empresas. Somente os governos federal e estadual não vêem que o segmento é um dos maiores geradores de renda e emprego no país.Desde 1992, quando o sindicato da categoria passou a realizar a pesquisa sobre o crescimento do setor, não se registrava um número elevado de abertura de novos postos de trabalho, que saltou para 874 mil vagas este ano. Mas, como aponta a matéria do Diário Popular, o setor ainda enfrenta certas dificuldades como o elevado índice de inadimplência e a falta de crédito para a expansão de suas vendas. Além disso, os pequenos empresários têm receio de não suportar pagar o financiamento contraído, devido às altas taxas de juros.Outra questão salientada, a qual me deixou bastante satisfeita, trata da diminuição do mercado informal e do crescente registro em carteiras de trabalho. Apesar dos dados ainda pequenos - aumento de 2% em relação ao mês passado -, podemos ter a esperança de que há mais pessoas contratadas com os direitos regulamentados.Não devemos ter a ilusão de que estamos próximos do fim da crise econômica, uma vez que muito ainda precisa ser feito para a retomada do crescimento do país. Numa análise mais negativa dos dados apresentados, somente na região metropolitana, existem cerca de 18% de trabalhadores potenciais desempregados. Em comparação ao total de 874 mil pessoas contratadas pelas micro e pequenas indústrias, o percentual está muito abaixo do desejado.Os pequenos empresários constituem a maioria empregadora do país, porém sofrem com os diversos tributos cobrados sobre as vendas das mercadorias. Sem a Reforma Tributária - imobilizada entre as opiniões dissidentes do Congresso Nacional e do governo federal - pouco poderá se avançar nessa discussão. As leis precisam estar mais estabelecidas, com tributações mais fundamentadas em tributações mais precisas e menos onerosas aos pequenos empresários.O setor também está conscientizado em registrar seu empregado para que, em caso de dispensa, os direitos estejam acertados.Diariamente as bolsas fecham em alta ou em baixa, o dólar sobe, as taxas de juros baixam em 1%. Ao tomar conhecimento dessas informações, imediatamente me questiono: em que tudo isso beneficia o trabalhador? Os milhares de desempregados geralmente estão ligados a uma família e têm participação no seu sustento. Para ele, os diversos índices divulgados nada representam. O desempregado gostaria de pagar seu aluguel, alimentar seus filhos e ter um emprego estável. Ainda que o governo federal determine a redução das taxas de juros, como está fazendo, o reaquecimento da economia brasileira continua muito tímido. O desempregado procura trabalho durante meses sem obter sucesso e acaba por desacreditar no país, o que não poderia acontecer jamais. Quero ressaltar o papel de duas entidades, a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que vêm desenvolvendo um trabalho voltado à reintegração do desempregado no mercado de trabalho, e a atuação de inúmeros sindicatos que buscam qualificar profissionalmente os trabalhadores através de diversos cursos, em parceria com o FAT. Os trabalhadores precisam ser sempre incentivados e esses cursos proporcionam isso, ao estimular o empregado a progredir na profissão e os desempregados a trilhar um novo caminho. O país também precisa de uma injeção de ânimo e da criação de novos empregos. Isso ocorrerá a partir de maiores investimentos no parque industrial brasileiro, com o incentivo ao crédito - através de taxas compatíveis ao mercado - para micro e pequenos empresários, com a qualificação da massa operária e com uma atitude mais responsável do governo federal na diminuição do desemprego no país.*Edir Sales é radialista, palestrante, educadora e deputada estadual pelo Partido Liberal.