ESTADO DE ALERTA - OPINIÃO

Caldini Crespo*
08/02/2001 14:04

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O número de homicídios registrados em Sorocaba nestes primeiros dias de 2001 é preocupante. É certo que já vai longe o tempo em que Sorocaba era um pacato município do interior, onde todos se conheciam e a ocorrência de um assassinato nos limites da cidade era, por semanas, o assunto principal de seus moradores. Só que a situação vivida de 1.º de janeiro para cá, ainda que extemporânea, é real. Sorocaba está com uma média de um homicídio a cada dois dias.

Embora as polícias Civil e Militar estejam presentes nas ruas é inegável que a cidade vive uma onda de violência comparável a de grandes centros urbanos. Felizmente ainda estamos distantes da situação caótica vivida pela Capital do Estado no quesito segurança. Entretanto, a consolidarem-se as assustadoras estatísticas fornecidas pelos organismos policiais de repressão à criminalidade, caminhamos nessa preocupante direção.

Os números apresentados pela imprensa local devem nos servir de alerta e levar as autoridades, não apenas as estaduais, mas também as municipais, a refletir sobre a realidade de uma Sorocaba que tem uma população estimada em quase meio milhão de habitantes. É necessário que haja a união e a integração de esforços para se tentar resgatar a tranqüilidade da população.

A acomodação e o perigoso sentimento de insensibilidade por parte de todos com essa escalada da violência tem com único resultado a potencialização de seus efeitos. As políticas sociais por parte dos governos são absolutamente necessárias, até para que se evite a proliferação ainda maior da miséria. Mas é preciso também uma ação firme e decidida dos governos no efetivo combate à violência que não pode ser creditada exclusivamente à carência social.

Muitas das ocorrências policiais ocorrem na periferia das cidades, onde estão as populações mais pobres. Mas é bom que se tenha clareza de pensamento suficiente para se saber que a violência não é e nunca foi exclusividade da periferia. Mais do que recolher corpos e feridos, é necessário que se combata com a eficiência esperada a causa dessa perturbadora realidade.

Não há como negar que o tráfico e o consumo de drogas, de todo gênero, estão invariavelmente associados às ocorrências que terminam em morte. O combate ao tráfico é, portanto, fator primordial na busca por índices policiais menos alarmantes. Paralelamente, o policiamento ostensivo e preventivo em toda a cidade também pode colaborar para uma redução dessas ocorrências.

O que não se pode admitir é que estatísticas como estas, de um homicídio a cada dois dias, sejam encaradas com naturalidade como "o preço a ser pago" pelo crescimento da cidade. O sobressalto não pode ser um sentimento integrado ao cotidiano da população sorocabana, sob o risco dessa situação colocar a nossa cidade na mesma condição de muitos municípios da chamada Grande São Paulo, ou seja, em permanente estado de alerta.

*Caldini Crespo é deputado estadual pelo PFL e sócio efetivo do IHGGS - Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba.

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