Carolina Engler: a poesia e o romantismo de uma oficina de ferreiro

Emanuel von Lauenstein Massarani
18/12/2002 14:28

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Definir-se fotógrafo foi durante muito tempo elemento suficiente para considerar o indivíduo como puro intermediário do aparelho fotográfico, empenhado em restituir a realidade na maneira mais fiel e documental possível.

Filiberto Menna, conhecido organizador de mostras fotográficas, afirma que: "A representação fotográfica é usada como isca, um alçapão para capturar nada mais do que é real, mas a atenção do observador é impregná-la num processo de reflexão crítica sobre a arte e sobre a linguagem da arte".

Através de uma busca incessante, Carolina Engler conseguiu visualizar, numa série de instantâneos, a beleza de uma oficina de ferreiro na cidade de Joaquim Egídio, no interior paulista. Seu objetivo não era retratar as condições de trabalho e nem o homem trabalhando; tanto que em nenhuma das fotos apresentadas aparece o "personagem ferreiro".

O que esse trabalho procurou abordar foi o ambiente da oficina, cheia de áreas de penumbra, ferramentas e apetrechos que, quando trabalhados em preto e branco, possuem uma riqueza de texturas e tons cinza-escuros que são de sua preferência. A artista-fotógrafa diz que o ensaio "Lírica Oficina", oferecido ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, não chega a ser documental: o que guiou seu desenvolvimento foi a luz e a sombra, a procura pelos contrastes extremos e pela penumbra.

Não há dúvida que parte do charme desse ensaio se deve ao fato de ter sido realizado no ambiente de trabalho de um artesão, que se dedica a um ofício secular. Mas é claro, também, que o inusitado não passou despercebido, como por exemplo o brinquedo infantil abandonado no meio da oficina. Enfim, no jogo quase dramático do preto, do branco e dos meios tons, existe uma realidade romântica, onde a poesia se difunde no espaço usado outrora no labor dos imigrantes italianos.

A Artista

Fotógrafa e antropóloga, Carolina Engler nasceu no Rio de Janeiro em 1973. Formou-se em Antropologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

De 1992 a 1995, realizou um estudo aprofundado de fotografia com Fábio Fantazzini. Participou de um workshop de fotografia -- Campinas 220--, promovido pelo Instituto Cultural Itaú e ministrado por Rubens Fernandes Júnior, em 1994.

De 1995 a 1996, freqüentou o atelier de Francisco Biojone e, em 1996, a Oficina de Still-Life, promovida pelo Núcleo de Fotografia de Campinas e ministrada por Tácito de Carvalho e Silva. Em 2002, participou do workshop "Fotografia como suporte na construção da linguagem", ministrado pelo artista plástico Rogério Gomes.

Exposições coletivas:

I Mostra Contemporânea de Fotografia de Campinas e Região do Instituto Cultural Itaú; Mostra Itinerante organizada pelo Centro de Informática e Cultura II - Instituto Cultural Itaú (1993); Itaú Galeria, São Paulo; Prefeitura Municipal de Cascavel; Mostra de fotografia "CAMPINAS 220" (resultado do workshop promovido pelo Instituto Cultural Itaú (1994); Fotógrafos de Campinas - I Semana de Fotografia de Campinas; Centro de Convivência Cultural (1996); Mostra Campinas ! - Senac (1997); O Preto, o Branco, as Cores - Núcleo de Fotografia de Campinas; Centro de Convivência Cultural (1997); Shopping Center Iguatemi (1998); Mostra "II Prêmio Jovem Revelação de Artes Plásticas de Americana"; Noite - Núcleo de Fotografia de Campinas; Centro de Convivência Cultural; Olhares sobre o Envelhecer - Shopping Market Place (1999); IX Salão Paulista de Arte Contemporânea, Estação Júlio Prestes; II Bienal de Artes Visuais de São João da Boa Vista, Espaço Cultural Fernando Arrigucci (2000); Lembranças do século XX - Centro Cultural Evolução; Caros Amigos - Galeria Cromo; Sentidos -Núcleo de Fotografia de Campinas, Centro de Convivência Cultural (2001).

Exposições individuais:

Galeria de Arte da Alliança Francesa, Campinas (1994); Centro Cultural Municipal de Limeira (1995); Signos, Significantes e Significados no Centro Cultural Losango Cáqui - Campinas (1997); Além-Mar na Galeria Cromo (1999); Brás Ilha, Gran Via Café (2000); e Corpus, Piola (2001).

Premiações:

Medalha Carlos Gomes; primeiro lugar no concurso "O Olhar da Mulher sobre Campinas" (2002).

alesp