Como diminuir a violência

OPINIÃO - Deputado Afanasio Jazadji*
15/04/2004 18:35

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Quem diz que não há como diminuir - para não dizer erradicar - a violência criminal no Brasil, engana-se. É justamente em tempo de crise que surgem as idéias mais luminosas. E este não seria um momento diferente. O que falta, então, não é só a chamada vontade política, mas a coragem cívica, principalmente.

Os criminosos - organizados ou não - já chegaram longe demais. No momento em que a população espera e torce para que as autoridades assumam uma postura eficiente no combate à violência, ocupando seus espaços e mandando para a cadeia - ou para outro lugar - aqueles mais arrogantes, elas pecam pela falta de arrojo na hora certa.

E com esses 'fraquejos', esses 'vacilos', os bandidos avançam com arrogância, imaginando e vendendo para seus cupinchas a idéia de que a autoridade constituída foi vencida no grito, no braço, na força.

Se o crime chegou a certo estágio de organização, deve-se ao aparelho do estado que se dispersa em todos os níveis. Enquanto os criminosos atendem a uma ordem rudimentar de comando, entre os defensores da sociedade existe a vaidade pessoal, a disputa política e, às vezes, a ciumeira partidária.

Com esse desajuste, pontos para a criminalidade...

Da noite para o dia, o presidente Lula assinou medida provisória acabando com os caça-níqueis no País e elegendo o singelo bingo o grande inimigo da nacionalidade. Não demorou muito e sua massacrante maioria no Congresso Nacional acatou servilmente as ordens do Planalto e convalidou tudo.

Ora, onde estão os conselheiros do nosso Presidente para sugerir um encontro urgentíssimo entre sua Excelência e os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Congresso Nacional? Estamos vivendo o caos em termos de segurança pública. Existem argumentos e fatos suficientes a obrigar que os chefes dos nossos poderes tomem atitudes imediatas.

Numa segunda etapa, se for o caso, que sejam baixadas medidas, até de exceção, sim, dando às polícias maior poder de ação e cobrando que, com inteligência ou não, sejam localizados e retirados das ruas os mais perigosos, os chefões, os mandantes do crime no Brasil - estruturados ou não. Uma faxina contra o crime.

Sem medo de errar, garanto que se houver uma contabilidade dos verdadeiros inimigos públicos em todo o País, eles não chegam a dois mil. Isso mesmo, dois mil! Que sejam trancafiados em prisões semelhantes ao rigor de Presidente Bernardes, ficando assim totalmente alijados de seus antros e longe de seus comparsas.

Não podemos mais assistir a bandidos pés-de-chinelo desacatando magistrados em audiências judiciais e, depois, explodindo bombas em fóruns, para intimidar. Não há que se tolerar, também, o desafio de bandos investindo contra quartéis e policiais. Isso só em São Paulo.

No Rio, as vergonhosas cenas de malandros descamisados e descalços, desfilando com armamentos de guerra e entrando na freqüência dos rádios da polícia, chamando PMs e detetives para a briga, têm de ser riscadas do mapa.

A autoridade pública está sendo espezinhada. Se o poder governamental se calar agora, jamais irá recuperar sua credibilidade. A história está aí para nos ensinar. Não só aqui como em países vizinhos, principalmente.

Os responsáveis por este país precisam se reunir e, em nome de um povo humilhado, injustiçado e judiado pelo banditismo, dar uma resposta à altura. E que, pelo menos dessa vez, se tiver que se derramar sangue, que seja o dos inimigos da sociedade.

A hora, portanto, é esta, e o momento é agora. É inadiável! É urgente! Se as pessoas de bem não se unirem, e se em nome dessas pessoas as autoridades não se manifestarem, será irremediavelmente tarde demais.

Com a palavra, pois, nossas autoridades!

alesp