Gisela Schrader apela para a natureza com sentimento, ritmo e tensão

Emanuel von Lauenstein Massarani
17/12/2002 17:07

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A obra de Gisela Schrader tem o poder de transportar o observador para mundos opostos. Primeiramente o terrestre, onde todos os elementos da natureza são explorados com equilíbrio, mas também com emoção e realismo. Do outro lado, o espaço cósmico, quase a lembrar a chegada do homem à Lua.

A intuição da artista torna-se sentimento e certeza e amplia em dinamismo essa certeza: sua pintura é elaborada com ritmo e tensão. Às vezes, esse ritmo e essa tensão são interiores, fixados ao máximo no quadro de uma calma aparente, cujos efeitos agem sobre nós como um grandioso espetáculo. Ela apresenta o espaço como ele é, nele dispõe sua arquitetura abstrata, sua cenografia de linhas, além da forma e da cor. São trechos amplos, rítmicos e carregados de energia.

Quanto mais despojada e mais abstrata, sem nenhuma figuração, a paisagem de Gisela Schrader alcança uma capacidade evocadora e convincente. O ritmo das formas, a expressividade de suas cores terrestres, obtidas através dos diversos tipos de areia e de terra com pedras, conchas, madeiras, sementes e folhas, consegue que todos esses elementos de potencial vitalidade se transformem em perfeita expressão plástica.

A estrutura das linhas, o volume das formas, a disposição dos planos, nos dão a sensação tanto da profundidade atmosférica terrestre quanto da extratosférica lunar. A vibração dessas linhas e dessas formas em valores cromáticos nos transportam sobre o ritmo de um poema lírico em direção desse espaço ambivalente, onde nossos sonhos se agigantam até a obsessão.

Na obra "Embuaca", díptico doado ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, Gisela Schrader confirma sua paixão pela natureza e, inspirada pela preservação do Meio Ambiente, deseja dar ao seu trabalho - retrato de uma vivência subjetiva dessa realidade - uma dimensão universal.

A Artista

Gisela Schrader nasceu em Colônia, na Alemanha. Conheceu as praias brasileiras ainda criança. Foi amor à primeira vista, que fez surgir o desejo de colocá-las em telas.

Estudou Arte na Suíça Francesa e na Alemanha, além sofrer a influência de uma passagem pelos Estados Unidos. De volta ao Brasil, Gisela naturalizou-se em 1983, e desenvolveu uma técnica própria para realizar seu sonho.

Há mais de 20 anos, visitou regularmente a Amazônia, de onde trouxe a finíssima areia branca e cintilante das margens e ilhas do Rio Negro. Praias solitárias do litoral norte de São Paulo e do Paraná também são fonte de inspiração e pesquisa pelas peculiaridades das areais encontradas nessa região e grande variedade de conchas e outros materiais utilizados no trabalho da artista.

Batizou o seu trabalho de EcoArte, instalando o "Projeto EcoArte" em um estúdio-galeria em São Paulo, onde apresentou os quadros criados em seu atelier em Boituva, no interior do Estado. Dividiu seu tempo em pesquisas para o desenvolvimento de suas obras no Brasil, Alemanha e Portugal.

Participou de inúmeras várias coletivas e individuais, entre as quais se destacam: 12º Aniversário do Hotel Le Bougainville, São Paulo (2001); Arte e Cultura em Alto Mar -- navio Costa Clássica; Lembranças de uma Impressão - Pólo Cultural Casa da Fazenda do Morumbi, São Paulo; Shopping Santa Úrsula, Ribeirão Preto; Pintura Mística - Centro Empresarial de São Paulo; Construindo uma Cultura Planetária - Sesc Vila Mariana (2002).

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