Professora baleada pelo próprio aluno, estudante espancada pelos colegas, carro de professor incendiado, vandalismo, professora grávida agredida por estudantes e pagamento de pedágio para ir ao banheiro. Esses são apenas alguns fatos que aconteceram este ano em escolas públicas do Estado e que já fazem parte do dia-a-dia das instituições públicas de ensino de São Paulo.Apesar do número de casos não parar de crescer, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo fecha os olhos para o problema. Não compareceu e não enviou representante para participar da audiência pública realizada na Assembléia Legislativa, no último dia 26, que debateu a violência nas escolas. Além disso, aplica uma "política de mordaça", proibindo diretores e professores de falar sobre fatos que ocorrem dentro das unidades escolares. Isso é inadmissível, a escola estadual é pública e, portanto, tudo o que acontece dentro dela deve ser tratado publicamente.Esse tipo de postura só serve para agravar ainda mais o problema, porque não é tentando esconde-lo ou deixando de debatê-lo com autoridades e entidades interessadas no assunto que vamos conseguir combater a violência.O problema não é só de um departamento específico, mesmo porque, se assim fosse, seria mais fácil resolvê-lo. Ele é de toda a sociedade. Muitos casos de violência que acontecem nas escolas são reflexos do ambiente familiar vivido pelo aluno. Porém, há casos de violência que são gerados dentro da própria instituição e resultam do autoritarismo, da síndrome do micro poder e da falta de integração entre a escola e a comunidade. Os salários dos profissionais da educação são ridículos, não existem cursos de qualificação gratuitos e muitos professores acabam exercendo as funções de psicólogos e assistentes sociais, sem estarem preparados para isso.A progressão continuada, ou melhor a "promoção automática", projeto do governo que deveria ser um estímulo aos estudantes, serve apenas para cumprir o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), pois evita a repetência mas não garante o aprendizado. A violência nas escolas, como se pode notar, é um problema que exige a participação de toda a sociedade, mas principalmente das secretarias de Educação e de Segurança Pública do Estado de São Paulo. A escola precisa ser um lugar que represente um futuro melhor para os jovens, um espaço para o exercício da democracia, da conscientização, da politização e do desenvolvimento científico.Vanderlei Siraque é deputado estadual pelo PT e membro da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.