Três décadas se passaram desde aquele fevereiro de 1980, quando foi lançado oficialmente o manifesto de fundação do Partido dos Trabalhadores. Alguns viram aquele ato no Colégio Sion em São Paulo como uma aventura política, outros acreditavam ser demasiadamente ousada a ideia de um partido de trabalhadores e argumentavam ser improvável que pessoas com experiências tão distintas pudessem construir um partido. Para muitas pessoas oriundas dos movimentos operários e populares, das lutas das mulheres, negros, índios, ambientalistas, estudantes, artistas, profissionais liberais, entre tantas outras, aquele era o momento de se pensar e construir a utopia. E assim, com a paixão e a determinação que só os que sabem sonhar possuem, engajaram-se na construção do PT. O desafio de criar e construir um partido de trabalhadores era gigantesco e tornava-se ainda maior quando se levava em conta a necessidade de se superar problemas como falido sistema partidário então em vigor (resultado dos longos e terríveis anos da ditadura iniciada em 1964), a absoluta inexistência de recursos financeiros capazes de viabilizar a empreitada, as críticas de alguns setores progressistas que alegavam que a fundação do PT significava a divisão do campo democrático e popular, e o preconceito destilado pelos setores conservadores da sociedade. Estes e muitos outros desafios foram, um a um, sendo vencidos pela aguerrida militância petista que em diversos momentos foi taxada de xiita, em razão da determinação e da garra que demonstrava na luta pelo projeto do PT. Um partido democrático de massa e socialista. Construído pelos de baixo como instrumento de luta e representação política dos de baixo. Frequentemente em minoria a atuação dos militantes petistas nos movimentos sociais, no parlamento ou onde quer que seja sempre se caracterizou pela determinação, competência e capacidade de luta. Assim foi, por exemplo, a primeira bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, Eduardo Suplicy, Sérgio dos Santos, Marco Aurélio Ribeiro, João Batista Breda e Geraldo Siqueira e a companheira Irma Passoni, que enfrentaram o desafio de deixar o então MDB, pelo qual haviam sido eleitos em 1978. E assim foi e tem sido a atuação de nossas bancadas nesta Casa. O PT ao longo de suas três décadas de existência assumiu bandeiras importantes como a luta pela educação, pela terra, pelos direitos humanos, pelo trabalho e pela renda, a defesa das minorias, a defesa do meio ambiente, da cultura, e assim foi se firmando como legítimo representante de milhões de brasileiros, particularmente dos de baixo. O PT soube inovar e ousar na administração pública, criou um conjunto de conceitos e métodos que chamamos de "O Modo Petista de Governar" (expressão indevidamente apropriada por outros partidos), que sintetizam uma série de instrumentos e políticas públicas inovadora como o Orçamento Participativo e os programas de renda mínima, entre tantos outros. Ao longo destas três décadas, o PT resistiu a todas as ameaças e tentativas de desqualificação e destruição que volta e meia são lançadas por aqueles que desde sempre mandaram no Brasil e em 500 anos construíram a sociedade injusta e desigual que conhecemos. Aqueles que até recentemente diziam que ficariam livres desta "raça" ao se referirem aos petistas, estão experimentando do próprio veneno e presenciam a própria extinção. Enquanto isso, o PT tem construído uma história de vitórias e vem provando que sim, os de baixo podem, devem e necessitam ter um instrumento próprio de luta política. Os de baixo sabem governar para a maioria e graças a isso tem sido possível ampliar-se os espaços de cidadania e participação. Assim como tem sido possível intervir no cenário internacional com independência e competência, contribuindo para um maior equilíbrio nas relações entre as diversas nações do mundo. O governo do PT tem plantado as sementes das mudanças no Brasil e nestes sete anos conquistamos avanços impensáveis, sobretudo nas áreas social e econômica. Temos orgulho de nossa história, e orgulho do governo do presidente Lula que, segundo as pesquisas, é aprovado por mais de 80% da população. Olhando para o futuro, posso dizer com certeza: Felizmente temos o PT, e com sabedoria e humildade estamos prontos para enfrentar novos e velhos desafios. Vida longa ao PT. *Enio Tatto é deputado estadual pelo PT.