Opinião - A solução para o Rio está nas fronteiras


29/11/2010 17:57

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Há dias estamos assistindo, no Rio de Janeiro, a uma intensa mobilização policial apoiada pelas Forças Armadas, com o objetivo de sufocar o tráfico de drogas. Desde o dia 21/11 até o domingo passado, ocorreram confrontos em vários pontos da cidade, que resultaram em 50 mortes, a grande maioria de pessoas ligadas ao tráfico. Nesse período, os traficantes e seus "exércitos" desceram o morro e incendiaram 106 veículos. Num só dia, a polícia apreendeu 40 toneladas de maconha, 200 quilos de cocaína e dez quilos de crack. Durante as operações, os policiais apreenderam também 50 fuzis, nove metralhadoras e muita munição.

A guerra ao tráfico foi vencida? Não. Somente a presença ostensiva da polícia não vai dizimar as quadrilhas. A solução passa por uma série de fatores: educação, assistência do Estado, moradia, emprego e segurança. A grande maioria dos jovens que trabalha para o tráfico não tem perspectiva de vida, não vislumbra qualidade de vida melhor e é cooptado facilmente pelo crime organizado.

Além desses fatores descritos acima, o que conta mesmo é um trabalho fundamental, de grande importância mesmo: o combate à entrada de drogas no Brasil. Ora, se no país não existe plantação de coca, de onde vem a droga? Todos sabem que ela entra no Brasil pelas fronteiras da Bolívia e da Colômbia, principalmente. Então, o que deve ser feito mesmo é impedir que a droga cruze as fronteiras e chegue, parece que até com facilidade, aos grandes centros.

É por isso que o governo federal, por meio da Polícia Federal, da Guarda Nacional, e também das Forças Armadas, deve impor um plano de vigilância nas nossas fronteiras e perseguir com dureza os traficantes. Porque até agora, apesar dessa ideia ter sido repetida com exaustão, as autoridades parecem não ter coragem ou vontade política para enfrentar esse grave problema.

É inadmissível que entrem tantas toneladas de cocaína e de maconha no Brasil, especialmente pelas fronteiras secas com a Bolívia e a Colômbia. É igualmente estranho que essa quantidade de droga cruze praticamente todo o país até chegar ao Rio de Janeiro e São Paulo. As apreensões, quando ocorrem, são ínfimas em relação ao que entra e circula pelo Brasil. Já na Capital paulista, o flagelo é o crack, que é elaborado com o quê? Com a pasta da cocaína.

Então sitiar e prender os traficantes é uma parte da solução. Até porque os traficantes que fugiram do Complexo do Alemão certamente estão homiziados em outros locais. Há portanto a necessidade de combater o problema no nascedouro, nas fronteiras, com homens armados, investigações e inteligência. Não havendo cocaína, o crime organizado perderá sua força, os traficantes serão reduzidos e a sociedade se livra desse câncer que é o consumo de drogas. O problema tem que ser enfrentado com a razão e não com emoção.



*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), membro efetivo da Comissão de Finanças e Orçamento, e economista.

alesp