Deputada exige investigação sobre mortes de bebês em hospital


13/04/2007 18:30

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A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) está reivindicando rigorosa apuração das circunstâncias que provocaram a morte de dois bebês durante trabalho de parto no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. Chocada com a narrativa das mães sobre os maus-tratos recebidos na unidade, a parlamentar acionou o Conselho Regional de Medicina e a Direção Regional de Saúde " DIR-19.

A deputada mostrou-se indignada com a possibilidade de dois casos tão graves serem arquivados sob a alegação simplista de que os procedimentos adotados foram os corretos e que houve fatalidades. Segundo as parturientes, elas e seus maridos foram destratados por membros da equipe médica, que se mostraram insensíveis diante da situação enfrentada pelos casais. Para Prandi, "mais importante ainda é a realização de completa apuração sobre os procedimentos adotados e que levaram à morte as duas crianças".

Para a parlamentar, apesar de todos os estudos científicos apontarem o parto normal como a melhor alternativa para as mães e para as crianças, a opção não pode "engessar" os procedimentos. "Pelo relato das mães, nos dois casos havia fatores que indicavam a necessidade de se optar pelo parto cirúrgico. Agora, como fica a dor da perda sofrida por estes casais? É uma ferida que ficará sempre aberta. Por isso, é preciso apurar com rigor para evitar outros casos", enfatiza Prandi.

A primeira ocorrência foi registrada em agosto do ano passado e levou à morte o bebê de Helyette Maria Silva, de 34 anos. Apesar de realizar todo o pré-natal na rede básica de saúde de Santos, somente em sua última consulta Helyette foi informada de que apresentava um quadro de diabetes gestacional. No dia 8/8, procurou o Guilherme Álvaro com dores no braço esquerdo e acabou sendo internada na maternidade, onde permaneceu até que sua filha nascesse, morta, em 16/8.

Cinco dias antes, sua bolsa rompeu e, mesmo tendo vazado todo o líquido, o parto não foi realizado, sob a alegação de falta de dilatação e de que a criança era prematura. Durante os cinco dias, recebeu medicamento intravenoso e, apesar dos alertas de que os exames do pré-natal tinham apontado o quadro de diabetes, a paciente recebeu soro glicosado. O líquido só foi trocado quando a própria gestante percebeu o erro e alertou a funcionária que a atendia.

O outro caso aconteceu em março deste ano. No dia 9/3, Sarah Cristiane de Paula, de 20 anos, chegou ao hospital com fortes dores abdominais. No entanto, foi mandada de volta para casa "por falta de leito e por não apresentar contrações". No dia seguinte, retornou ao Guilherme Álvaro e novamente foi liberada. A internação só ocorreu em 12/3, e apenas no dia posterior recebeu remédios para acelerar o trabalho de parto.

Com dores intensas e sem dilatação, Sarah somente foi levada ao centro cirúrgico para realizar a cesárea por volta das 19h. Quando o procedimento aconteceu, o bebê já estava morto, porque teria engolido líquido amniótico contaminado com as próprias fezes.

Além do sofrimento das mães e da família, há em comum nos dois casos as denúncias de maus-tratos, descaso e negligência. "A verdade precisa vir à tona. Fatalidades acontecem, mas esta não pode ser a justificativa para uma sucessão de erros tão graves", arremata Prandi.

mlprandi@al.sp.gov.br

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