CPI das Indenizações Ambientais ouve engenheiro florestal sobre avaliação milionária


21/06/2000 18:12

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Os membros da CPI que investiga a suposta existência de uma "indústria" de indenizações decorrentes de desapropriações em áreas de proteção ambiental ouviram nesta quarta-feira, 21/06, o engenheiro florestal Sérgio Bianchi Fajardo, que fez o inventário florestal de área situada na divisa entre São Paulo e Paraná. A área, que consta do processo 470/93 - em que a empresa Itaoca solicita indenização - é de 34 mil hectares, 30 mil deles pertencentes atualmente à Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, no Estado do Paraná, e os outros 4 mil situados no Parque Estadual de Jacupiranga, em São Paulo.

Sérgio Bianchi Fajardo foi questionado pelo engenheiro Rubens Dias Humphreys, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), membro auxiliar da CPI sobre os critérios utilizados em seu relatório para quantificar e qualificar a cobertura vegetal da área. A avaliação de Bianchi subsidiou parecer do perito judicial. Parecer que está sendo contestado pela justiça em função do alto valor da indenização pretendida. O juiz, inclusive, já designou novo perito para reavaliar a área.

A partir do inventário elaborado por Fajardo, o valor a ser pago pelo Estado pela desapropriação foi fixado em quase R$ 350 milhões. Segundo o deputado Salvador Khurieyeh (PDT), o terreno está avaliado atualmente pelo mercado em torno de R$ 15 milhões.

Fajardo afirmou que, "por coincidência", todas as áreas de amostra sorteadas para a avaliação eram cobertas por vegetação de alto valor comercial. Tanto o deputado quanto Humphreys disseram-se perplexos com o fato de o sorteio realizado pelo engenheiro florestal não ter contemplado nenhuma zona onde a vegetação é mais pobre. "Naquela região, como em toda a Mata Atlântica, há uma grande predominância da lenha sobre a madeira, o que joga o valor para baixo", declarou o técnico do IPT. Para Khurieyeh, "é surpreendente que nenhuma dessas áreas dotadas de madeira de menor valor, bem como as zonas já desmatadas, não tenham sido avaliadas".

Ao final da reunião, os membros da CPI decidiram que Fajardo será ouvido novamente, em data a ser ainda definida.

alesp