Opinião - Façamos o país de todos


02/05/2011 13:34

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Neste 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, o Brasil teve bons motivos para comemorar. É o que mostram dados do Censo Demográfico 2010, divulgados na última sexta-feira, 29/4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O país ainda tem muito caminho pela frente até chegar ao ideal de desenvolvimento e qualidade de vida para a maioria da população. Porém, os avanços mostrados pelo Censo 2010 são significativos.

Os dados do IBGE mostram, por exemplo, um crescimento de 28% no número de moradias em relação ao Censo 2000. O número passou de 44,8 milhões para 57,3 milhões, que representa aumento de mais que o dobro da população do país, que ficou em 12,3% na década. A pesquisa aponta, ainda, que a distribuição de água no país cresceu aproximadamente 22%, com cerca de 12,5 milhões de residências a mais passando a utilizar o serviço.

O Censo mostra um Brasil mais urbano. Em dez anos, a população das cidades aumentou em quase 23 milhões de pessoas. A população urbana passou de 81,2%, em 2000, para 84,4%, em 2010, chegando ao total de 160,9 milhões de moradores.

Essa expansão exige investimentos em infraestrutura, como a melhoria do sistema viário, da rede de saúde, de creches, de escolas e na oferta de empregos e moradia. Atento a essa necessidade, foi que o governo do presidente Lula criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ampliou programas sociais, aumentou a oferta de vagas nas escolas técnicas e universidades federais e criou o ProUni, que garante bolsas de estudo em faculdades particulares.

O governo Lula deu ao Bolsa Família a condição de maior programa de inclusão social do mundo, retirando, com ele, mais de 27 milhões de famílias da pobreza extrema. As obras do PAC, aliadas às ações para permitir os avanços da economia, possibilitaram a geração de mais de 15 milhões de empregos com carteira assinada.

As políticas sociais do governo contribuíram, também, para elevar a auto-estima da população. Está na valorização das etnias, talvez, um dos pontos mais relevantes do Censo 2010. Pela primeira vez, desde que o IBGE começou a fazer a pesquisa, o levantamento aponta mais pessoas identificando-se como negras, pardas, amarelas ou indígenas do que como brancas. Não tenho dúvida de que esta nova identidade nacional se lastreia nas políticas de valorização dessas etnias, com acesso à moradia, à saúde, ao emprego e à universidade.

Os programas sociais do governo foram importantes também para reduzir o êxodo rural. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, ao contrário das demais regiões do país, a população rural aumentou. Pessoas de Estados como Roraima, Acre, Pará e Amapá preferiram ficar no campo em vez de ir para a cidade.

Especialistas do IBGE atribuem essa permanência a dois fatores: o forte desenvolvimento da agricultura da região e os programas sociais do governo. Para eles, esses programas ajudam a manter a população em suas cidades de origem e a enfraquecer o êxodo rural.

Entre os pontos preocupantes, o Censo 2010 informa que há 661,2 mil jovens entre 15 e 19 anos responsáveis pela manutenção de suas próprias casas. Mais: na mesma condição se encontram 132 mil crianças entre 10 e 14 anos, das quais 36,8 mil estão no Estado de São Paulo.

É uma situação que exige um esforço conjunto dos governos federal, estadual e municipal para ser revertida. Em São Paulo, infelizmente, o governo federal tem encontrado resistência recorrente para implantar programas e políticas públicas voltados à inclusão social.





*Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (2001-2008), é deputado estadual e presidente estadual do PT/SP

alesp