MULHERES QUE MELHORAM O MUNDO - OPINIÃO

Arnaldo Jardim*
06/03/2002 20:17

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O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é oportunidade e pretexto para uma reflexão. Herdamos do século XX impressionantes contrastes, com realidades dignas do tempo presente permeadas por situações típicas do século XIX: riqueza e alta tecnologia são vizinhas da miséria absoluta e do atraso.

Há que se gestar novos tempos nos quais as oportunidades sejam democratizadas, de tal forma que ao olhar de lado não se tenha vergonha de se viver realidade tão desigual.

A gestação nos remete necessariamente ao universo feminino. Gestar e parir são próprios da mulher e é bom mirar no exemplo destas mulheres que há muito deixaram de ser "mulheres de Atenas". Povoam a África, a Ásia, a Europa, as Américas e a Oceania e deste universo feminino, talvez possamos resgatar algumas ferramentas necessárias para mudar o mundo: diversidade, versatilidade, improviso, superação, liderança, solidariedade e, sobretudo, sensibilidade. Qualidades próprias de pessoas a quem foi reservado o privilégio de dar origem à vida. Da mulher, mãe ou não, pode-se esperar o "sexto sentido, maior que a razão..."

Feita essa pequena homenagem às mulheres de todo o mundo, mesmo que aquém do que elas merecem, dou-me o direito de falar um pouco mais da mulher brasileira.

Quero com muita satisfação festejar o avanço fantástico que as mulheres conseguiram nos últimos anos, que se refletem numa presença cada vez mais ativa nas discussões do destino do país.

A mulher ampliou o seu papel na vida econômica do país e no nosso cotidiano, numa contribuição importante para que as gerações futuras possam se formar dentro de um espírito humanista e de cidadania.

Os dados são surpreendentes: cerca de 40% dos lares têm hoje uma mulher como chefe. Isto preocupa, por um lado, pois significa um desequilíbrio na família, já prejudicada pela ausência do homem no dia-a-dia do convívio familiar. Por outro, no entanto, revelada a enorme capacidade da mulher de tratar a questão com galhardia, conseguindo desempenhar com brilhantismo a chamada dupla jornada de trabalho.

Creio que esta condição especial da mulher merece, por sua vez, uma atenção especial do poder público e dos legisladores. Orgulho-me, neste sentido, de ter sido o autor da Lei aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, que dispõe sobre o controle do câncer ginecológico e mamário. Esta lei, cuja rigorosa aplicação continuo a cobrar e a exigir, animou a realização de programas de exames freqüentes de papanicolau, fundamental para que a mulher possa se prevenir do câncer ginecológico e mamário. A multiplicação destes exames tem levado a políticas públicas estáveis nesta área, mas ainda resta muito no sentido de cobrar que isso se faça de uma forma ainda mais sistemática, para erradicar de vez esta doença facilmente evitável e que continua ceifando vidas de muitas mulheres jovens.

Quero aproveitar ainda para festejar o anúncio feito pela secretaria da Saúde de São Paulo a respeito da adoção para breve do "passaporte da mulher", um documento básico que permitirá a mulher ir acompanhando aquilo que deve ser a sua rotina de exames sistemáticos, ao mesmo tempo em que é um material que dá dicas sobre as suas necessidades nas diferentes etapas de vida. Quero crer que isso vai ser usado com muita atenção pelas mulheres, podendo ser um instrumento importante para garantir-lhes melhor saúde e melhor qualidade de vida.

A todas as mulheres do meu dia-a-dia - minha mãe, minha mulher, minhas irmãs, deputadas, vereadoras, lideranças comunitárias, secretárias, telefonistas, assessoras, - quero reiterar o quanto cada uma, a seu modo, tem sido importante na minha vida. Espero que todas elas continuem a nos conceder a dádiva de sua luz.

Arnaldo Jardim é deputado estadual, presidente estadual do PPS, engenheiro civil, foi secretário da Habitação, em 1993, relator-geral do Fórum SP Séc. XXI

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