DA ASSESSORIAO Ministério Público de Defesa da Cidadania já iniciou os procedimentos para abertura de inquérito civil que poderá obrigar a Translitoral a fazer adaptações em pelo menos um ônibus em cada uma das linhas urbanas do Guarujá. A ação da Promotoria de Justiça é conseqüência direta de representação protocolada em julho pela deputada Maria Lúcia Prandi (PT). A parlamentar baseou a representação no Artigo 263, Capítulo 11 da Lei Orgânica Municipal, que determina que "o Poder Público assegurará a circulação, em todas as linhas urbanas, de ônibus adaptados para o livre acesso e locomoção de pessoas portadoras de deficiência física ou motora".Maria Lúcia Prandi considera esta uma primeira vitória, mas enfatiza que o triunfo verdadeiro só ocorrerá ao final do processo, "desde que a empresa seja obrigada a cumprir a lei e a oferecer condições dignas de locomoção a todos os portadores de necessidades especiais". A deputada acionou o Ministério Público indignada com a discriminação sofrida por Gilberto Freitas Silva, que na noite de 3 de julho foi impedido de entrar num ônibus da empresa com a cadeira de rodas. De acordo com a parlamentar, o empenho do Ministério Público em apurar a situação é fundamental, reforçando a convicção de que este é um órgão vital na defesa dos direitos da cidadania. "Como a prefeitura não vinha exigindo o cumprimento da lei, nosso único caminho foi acionar a Promotoria como meio para ver a legislação colocada em prática", explica Maria Lúcia.Situação atual Na prática, a empresa coloca em circulação apenas dois ônibus com elevadores hidráulicos para acesso de deficientes físicos com cadeiras de rodas. De acordo com os usuários, o itinerário percorrido por estas linhas é longo, o que torna muito grande o tempo de espera nos pontos. Se o portador de deficiência não quiser esperar pelos dois ônibus adaptados existentes, tem que contar com ajuda de outras pessoas para subir no veículo ou arrastar-se pelo chão."É uma situação extremamente humilhante, que não pode continuar. Os portadores de necessidades especiais não querem favores pessoais ou assistencialismo, mas o direito de se integrar à sociedade, conquistar espaço no mercado de trabalho e viver numa cidade sem barreiras arquitetônicas e livre de preconceitos", diz Maria Lúcia. MP também poderá apurar outras irregularidades no cumprimento docontrato de concessão do transporteO Ministério Público também poderá investigar outras irregularidades no cumprimento do contrato de concessão do transporte coletivo no Guarujá, assinado entre a prefeitura e a Translitoral. O desrespeito a algumas cláusulas desse contrato foi levantado pela deputada Maria Lúcia Prandi. Entre as questões apuradas pela deputada, destaca-se a obrigação da concessionária de construir dois terminais em Vicente de Carvalho e no ferry-boat, além de abrigos em todas as paradas de ônibus da cidade. Para executar as obras, a Translitoral receberia isenção do ISS, que na prática já está sendo concedida, mesmo sem o cumprimento das obrigações imputadas contratualmente à empresa. Há ainda atrasos em várias linhas, mau estado de conservação dos ônibus e falta de higiene e de sanitários nos pontos finais.