Como se não fossem suficientes os aborrecimentos, prejuízos e ilegalidades advindas do racionamento de energia elétrica imposto pelo governo federal à população, que passou meses sob o terror de ter seu fornecimento cortado, mesmo com o pagamento em dia, ou com multas exorbitantes, criadas para financiar a incompetência governamental, alguns prefeitos, findo esse período, ousam propor continuá-lo em nível municipal.

Esse é o infeliz caso da prefeitura de Taubaté, que enviou ofício à concessionária Bandeirante S/A, exploradora do serviço de distribuição de energia na região do Vale do Paraíba, solicitando que se mantenha o desligamento parcial da iluminação pública, o que tem, com toda a razão, horrorizado os munícipes e provocado revolta.

Tem o atual prefeito (que aliás é do mesmo partido do presidente do "apagão", Fernando Henrique Cardoso) consciência das preocupações dos cidadãos com segurança? Sabe ele que a deficiência na iluminação pública favorece os marginais, principalmente aqueles que atuam nos bairros mais carentes, onde a proteção do Estado chega a ser peça tragicômica de ficção e a lei do silêncio imposto pelo tráfico é a que rege o dia-a-dia?

Certamente a suposta economia de 27%, como a própria administração municipal alega, tem mais valor aparente do que a preservação da segurança e da vida humana.

É necessário que não só a sociedade civil como seus representantes (Câmara Municipal, Polícias Militar e Civil, sociedades de amigos de bairro, entre outros) se unam contra algo que, numa análise apressada pode parecer justificado pela reversão dos gastos em outras áreas, mas que, na verdade, tem como princípio o vil mercantilismo advindo do desprezo pelo social e a inversão quase doentia das prioridades no atendimento à população, prática essa comum nesses últimos anos de governo do PSDB, que atinge a nós nos três níveis federativos - União, Estado e Município.

São por gestos como esse, na aparência inocentes e cheio de boas intenções, que os tucanos alastram a desestabilização social e condenam o país como um todo à dependência externa e ao aprofundamento da recessão, que causa desemprego e empurram milhões à pobreza.

*Salvador Khuriyeh é deputado estadual pelo PSB