Tal como os mágicos, o governo do PT tenta chamar atenção para outro foco enquanto fazem seus truques. Para driblar o desgaste provocado pela descoberta de sucessivos escândalos, o PT encomendou nova campanha publicitária a Duda Mendonça, tendo como tema justamente a seriedade.

Em plena crise na qual a cada dia surge um fato novo, uma nova relação suspeita, o PT tomou uma decisão. Mas não é a de investigar tudo isto a fundo e permitir que se faça a CPI. Pelo contrário, a saída do PT é a mesma que ele tem tomado em todas as crises anteriores: encomendar uma nova campanha publicitária.

Os resultados do primeiro ano do governo do PT são pífios. Na verdade para a imensa maioria das pessoas o resultado é negativo: mais impostos para os trabalhadores e empresas, salários menores, redução de verbas para programas sociais, submissão absoluta ao FMI e aos usurários internacionais, percentual ínfimo de investimentos e aumento do nível de desemprego. Isto para não falar dos escândalos que vão despontando.

Mas o governo não quer saber de nada disto. Irá torrar mais alguns bilhões com uma monstruosa campanha publicitária, encomendada a peso de ouro, sem licitação pública, ao mágico-mor Duda Mendonça. A função da campanha é claro, tentar chamar a atenção do público para um lado, enquanto com a outra mão os Waldomiros e Burattis podem continuar fazendo as coisas aparecer ou desaparecer.

O próprio governo admite que o outro objetivo da nova campanha paga com recursos públicos é evitar que o PT seja prejudicado nas eleições municipais. Em outras palavras, a "mágica" também tem o objetivo de evitar que o eleitorado manifeste com clareza a opinião que deveria ter a respeito do governo, criando uma nuvem de fumaça de números e realizações de marketing.

Há, contudo, uma diferença entre os shows de mágica e a política governamental. Nós vamos a shows de mágicos sabendo que seremos iludidos, pagamos o ingresso e achamos que vale a pena justamente na medida em que a ilusão parece mais real. Já no show petista também pagamos ingressos cada vez mais caros, mas queríamos ver não uma apresentação de ilusionismo, mas ações concretas.

E esta mágica é duplamente perversa, já que não apenas tenta esconder que coisas que deveriam ter sido feitas não o foram, mas também tenta aparentar que as promessas não foram cumpridas. Além disto tudo, tenta evitar que o truque seja descoberto para que os candidatos petistas às prefeituras possam, eles também, armarem suas tendas e encherem suas cartolas com os coelhos.

O sucesso desta estratégia, contudo, depende da platéia. Se todos nós continuarmos a olhar para o lado que o presidente deseja que olhemos muitas coisas continuarão a desaparecer e corremos até o risco de pedir bis na apresentação. Mas se olharmos realmente para aonde está o foco dos acontecimentos, como os escândalos Buratti e Waldomiro Diniz, para o péssimo desempenho econômico, para o desmonte dos programas sociais, para o crescimento do desemprego, então o circo pode realmente pegar fogo.

*Pedro Tobias é deputado estadual e membro das Comissões de Educação, Saúde e Higiene e Promoção Social da Assembléia Legislativa de São Paulo e vice-presidente do Diretório Estadual do PSDB.