A água está rolando

O desperdício e a crescente demanda apressam o fim de um recurso natural esgotável
26/11/2003 18:32

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Tomar banho, escovar os dentes, regar as plantas, lavar a louça, as roupas... Simples tarefas ou prazeres diários estão sob risco porque a água está acabando. Recurso natural esgotável, a água não resiste ao desperdício. Exemplo: Se uma pessoa escova os dentes em cinco minutos com a torneira meio aberta, gasta 12 litros de água. Porém, se ela se limitar a molhar a escova e fechar a torneira enquanto escova os dentes e, ainda, enxaguar a boca com um copo de água, a economia será de 11,5 litros de água. Considerando duas escovações por dia e a existência de outras três pessoas na mesma casa, no final do mês o total poupado chegará a 2.760 litros. Não é nada pouco. E tem mais, porque na mesma casa pode haver uma torneira que pinga, pinga - se estiver pingando lentamente, o desperdício mensal chega a 400 litros; se o gotejamento é rápido, a perda vai a 1.000 litros mensais. Uma torneira com gotejamento contínuo desperdiça 6.500 litros por mês. É demais.

A água vai acabar. Imagine que 97,5% de toda a água disponível na Terra é salgada e está em oceanos e mares. 2,493% é doce, mas se encontra em geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso. Quer dizer: só 0,007% é doce, encontrada em rios, lagos e na atmosfera, de fácil acesso para o consumo humano. Durante milênios, a água foi considerada um recurso infinito. Hoje, o mau uso e a crescente demanda preocupam especialistas pelo evidente decréscimo de água limpa em todo o planeta. Onze países da África e nove do Oriente Médio já não têm água. A situação é crítica em várias outras partes do mundo. Em 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu estudos que indicaram números alarmantes: para cada 1.000 litros de água utilizada pelo homem resultam 10.000 litros de água poluída.

O Brasil detém 11,6% da água doce superficial do mundo. Os 70% da água disponíveis para o uso estão localizados na Região Amazônica. Os demais 30% distribuem-se irregularmente pelo país, atendendo a 93% da população. Em São Paulo, no início de outubro, os reservatórios do sistema Alto Cotia por muito pouco não entraram em colapso, pois estavam com apenas 8% de sua capacidade normal. Eles nunca estiveram tão secos. Em julho de 2000, quando haviam alcançado sua pior marca, chegaram a operar com 14% de sua capacidade. Em média, o paulistano consome 180 litros de água por dia, 80 a mais do que o considerado suficiente pela ONU. Desde 1997, a demanda de água em São Paulo cresce em torno de 2 metros cúbicos por segundo todos os anos. Note: 1 m3 equivale a 1.000 litros.

Há 2.000 anos, a população mundial correspondia a 3% da população atual, enquanto a disponibilidade de água permanece a mesma. Moral da História: recurso natural finito, a água não resiste ao desperdício.

alesp