Pautas para a metrópole de São Paulo é o terceiro tema do seminário sobre regiões metropolitanas

(Com fotos)
10/10/2000 18:26

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O terceiro bloco do Seminário de Desenvolvimento Metropolitano, sob a presidência do deputado Milton Flávio (PSDB), abordou as pautas para a metrópole expandida de São Paulo. A geógrafa da Emplasa, Eloisa Raymundo Rolim, afirmou que o processo de desconcentração espacial causa paralisia no setor público. "Ao longo dos anos 80 não houve nada mais novo no que se refere à regionalização estadual. Atualmente, o debate mudou de rumo e não enfoca mais a desigualdade social, restringindo-se à desconcentração industrial."

Segundo Eloisa Rolim, a partir da década de 90 houve abertura de mercado, globalização e inserção de setores no mercado interno, e o Estado passou a delegar funções a empresas privadas. "Desde então, o Poder público tem de repensar suas atribuições."

"A partir disso, a economia regional passou a se apoiar em pequenas e médias empresas e paralelamente ao processo de desconcetração industrial ocorreu a reconcentração em setores complementares", frisou Eloisa Rolim.

Sobre a exclusão social, a geógrafa lembrou que a ambientação urbana foi construída para sustentar um segmento industrial que já não existe, como acontece em Santo André. "A distância entre ricos e pobres na região metropolitana de São Paulo é de 53 vezes e existem 5 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, ou seja, 32% da população."

O economista Josef Barat destacou que a questão metropolitana ficou fora de discussão por uma década. "É muito importante que esteja havendo retomada do assunto, pois um país com o grau de urbanização do Brasil não pode deixar de ter uma política de ocupação metropolitana. São Paulo está oferecendo essa chance."

De acordo com Barat, a Constituição de 1989 deixou em aberto a resolução do problema, mediante parceria entre União, Estados e Municípios. "O desenvolvimento deve ser coordenado, uma vez que não adianta equacionar o transporte sem resolver a questão habitacional."

"A desconcentração não está só relacionada à guerra fiscal mas à logística que avalia o acesso à produção e à distribuição. Hoje, as metrópoles só precisam de centros de tecnologia e de decisão", declarou Barat e completou: "a questão social decorre de outras e a expectativa da nova geração é de que suas vidas sejam piores que a de seus pais".

A última expositora foi Maria Inês Barreto, pesquisadora da Fundap, que falou sobre a mudança do enfoque da reforma do Estado. "As iniciativas nesse sentido abordam mais o aspecto gerencial do que o institucional, dando mais ênfase ao foco administrativo. Entretanto, após 10 anos de ajuste financeiro, o Estado saneou os cofres públicos mas não resolveu a desigualdade social."

alesp