Pré-Conferência debate Cultura, Educação e Políticas de Ações Afirmativas


17/10/2000 15:09

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O presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado Vanderlei Macris, o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, e inúmeras lideranças do movimento negro nacional e estadual participaram na manhã desta terça-feira, 17/10, no Hall Monumental da Assembléia, da abertura da Pré-Conferência Cultura, Educação e Políticas de Ações Afirmativas, com o objetivo de preparar a Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, que acontece em 2001 na África do Sul.

Na abertura do evento, Macris ressaltou a importância de acolher no Parlamento paulista as lideranças do movimento negro, afirmando que "o Poder Legislativo é democrático por excelência e aqui todos têm voz e influência direta nas decisões a serem tomadas". Ele frisou, ainda, a consonância da temática a ser debatida na Pré-Conferência com os objetivos do Fórum São Paulo Século XXI.

O ministro Paulo Renato falou do comprometimento de sua pasta com os problemas ligados à questão da intolerância racial. Segundo o ministro, existe um longo caminho a percorrer, mas muito já se avançou. Ele citou a implementação do Programa Parâmetros em Ação, já implantado em mais de 2.500 municípios brasileiros, cujo aspecto mais importante é "a concepção de transversalidade de temas, especialmente Ética, Cidadania e Pluralidade Cultural, que são o núcleo para a construção de uma nova escola".

Paulo Renato disse que a escolarização feminina no país cresceu nos últimos cinco anos. "As mulheres ultrapassaram os homens no contexto de escolarização", informou o ministro. De 5.ª a 8.ª série, 52% dos estudantes são mulheres e 48% são homens. No ensino médio, 58% são mulheres e 42% homens. "Esse avanço feminino na educação se evidencia na universidade, onde 62% dos alunos são mulheres e 38% homens", explicou Paulo Renato.

Dulce Maria Pereira, presidenta da Fundação Cultural Palmares, que promove o evento, exortou todos os participantes no empenho para a consecução do objetivo maior do movimento: "Unidos no combate ao racismo: igualdade, justiça e eqüidade." Para ela, é imperativo que negros se unam, "provocando a ruptura com a história atual para tornar real o processo necessário para a inclusão da participação com políticas de ações afirmativas".

"Precisamos pensar e repensar o Estado para cumprir seus objetivos na formulação de políticas de atendimento à população com programas de igualdade de direitos em todas as áreas da sociedade." Esse foi o recado do professor José Adir Nogueira, do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo.

Maria Aparecida Laia, presidenta do Conselho da Condição Feminina do Estado de São Paulo, abordou a questão da mulher negra com relação ao racismo. Para ela, "gênero e raça caminham juntos e as mulheres negras sofrem dupla discriminação: pelo racismo e pelo machismo".

A vinculação de programas universitários com a procura de igualdade de direitos foi abordada pela coordenadora do Programa Universidade Solidária, Elisabeth Vargas, que falou dos programas em que jovens estudantes estão envolvidos em atividades em comunidades quilombolas. "Lá eles acabam aprendendo muito mais do que ensinam", comentou, afirmando que "é importante o engajamento das universidades no processo de elaboração do documento final da Pré-Conferência".

Para finalizar a solenidade de abertura, o Grupo de Dança Afro II apresentou uma performance sobre Zumbi dos Palmares.

A Pré-Conferência continua suas atividades na tarde desta terça-feira, 17/10, e durante todo o dia de amanhã no Hotel Braston, debatendo temas como Educação Superior: Igualdade e Oportunidade para os Afro-Descendentes; Manifestações Culturais de Afro-Descendentes; Juventude e Perspectivas Futuras; Iniciativa Privada: Visão do Empresariado Face às Diversidades.

alesp