Opinião - O desafio das hepatites virais


19/05/2009 18:19

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A data de ontem, 19 de abril, ganha relevância cada vez maior. Trata-se do Dia Mundial de Combate à Hepatite, doença que representa um desafio para as autoridades médicas de todo o mundo. O Ministério da Saúde admite a existência de três milhões de portadores de Hepatite C e de dois milhões de portadores de Hepatite B no Brasil. Grande parte desconhece que tem a moléstia.

Para marcar a passagem da data, protocolei na Assembleia Legislativa um projeto de lei que torna obrigatória o atendimento multidisciplinar as vítimas da doença, nas unidades de saúde do Estado. O objetivo é garantir acesso a tratamento que contemple os diferentes impactos da moléstia, do ponto de vista físico e emocional.

O projeto foi elaborado a partir de reivindicação da ONG Grupo Esperança, que é referência nacional na defesa dos direitos dos portadores de hepatite C, a forma viral mais grave da doença. Com uma história de conquistas no enfrentamento da moléstia, a organização centra forças, agora, na conquista da assistência multidisciplinar.

Fruto de muita luta, os pacientes têm assistência gratuita, com exames e medicamentos. Mas não é suficiente. Os efeitos colaterais do tratamento, as co-infecções com o HIV, as síndromes, os possíveis distúrbios psicológicos e psiquiátricos, a co-morbidade e outros agravantes precisam ser reconhecidos. As complicações evidenciam a necessidade de acompanhamento multiprofissional. Com a assistência interdisciplinar, o paciente terá atenção mais abrangente e cuidadosa e, portanto, melhor qualidade de vida. Os cuidados adicionais contribuem, também, para a adesão ao tratamento, aumentando as chances de cura.

Os resultados positivos têm sido constatados pelo Grupo Esperança, por meio de parcerias e ações voluntárias. Há evidências de que os resultados terapêuticos são muito superiores. Se é bom para o paciente, tem que ser institucionalizado. A atenção holística, ao mesmo tempo em que vê o paciente como um todo, possibilita que aspectos individuais sejam acompanhados.

O projeto de lei que acabo de apresentar é parte de um conjunto de ações, protagonizado pelo movimento social. Há mais de uma década, estou integrada à defesa da causa, num trabalho que começou junto à ONG Transpática, da Capital, e que ao longo do tempo incorporou outras organizações, entre as quais reitero o engajamento do Grupo Esperança.

Juntos, temos assegurado avanços, como a garantia de acesso a medicamentos gratuitos, exames sem restrições e a criação do Centro de Referência em Hepatites Virais, no Hospital Guilherme Álvaro, de Santos. Sou autora do Projeto de Lei 1.398/2007, que isenta as pessoas acometidas pela doença do pagamento de tarifa no transporte coletivo metropolitano e intermunicipal. Assino, ainda, a autoria do Projeto de Lei 933/2003, que proíbe toda e qualquer forma de discriminação aos portadores de hepatites virais, no âmbito do poder público estadual. E integro a Frente Parlamentar de Conscientização e Combate às Hepatites Virais, que foi instalada ontem na Assembleia Legislativa.

Ontem, hoje, amanhã e sempre. A luta continua, com entusiasmo, coragem, compromisso e a certeza de vitórias.



*Maria Lúcia Prandi é deputada estadual pelo PT e cientista política.

alesp