Na noite de 18 de setembro, tive a alegria de participar das emoções de uma merecida homenagem a quem faz ou fez televisão de qualidade neste país. Exatamente naquele dia, estava sendo comemorado o cinqüentenário da TV no Brasil, uma data que relembra o início do funcionamento da TV Tupi de São Paulo. Por minha iniciativa como deputado estadual, a Assembléia Legislativa teve uma Sessão Solene em homenagem à televisão e à gente que tanto valorizou esse veículo de comunicação nestas cinco décadas. Lá estiveram atores, atrizes, produtores, diretores de TV, cameramen, garotas-propaganda, apresentadores, jornalistas, empresários, numa espécie de confraternização em torno de lembranças. Entre os que discursaram, estavam a atriz Vida Alves e o ator Lima Duarte, que contaram episódios marcantes da TV, emocionando os demais convidados. Cada um dos mais de 300 homenageados recebeu uma medalha comemorativa, que preparei por iniciativa própria, sem gastos por parte dos cofres públicos. Essa medalha simboliza o respeito do povo de São Paulo por aquilo de bom que a televisão representa. E, convenhamos, a TV tem um lado positivo muito interessante. Na verdade, os 50 anos da TV coincidem com o anúncio de uma nova legislação do Ministério da Justiça com a aparente intenção de combater o excesso de cenas de violência e de exposição do sexo na programação. Uma tentativa totalmente furada. Se, de um lado, temos a condenar o fato de alguns programas serem o lixo do lixo, por outro lado devemos ressaltar que existe a TV útil, sadia: é só procurar. Televisão significa lazer, cultura, informação. Trata-se de um veículo moderno, completo, aperfeiçoado pela tecnologia, hoje em dia capaz de mostrar instantaneamente imagens do outro lado do mundo, como aconteceu, por exemplo, quando da Olimpíada de Sydney. TV é música, é humor, é teatro, é jornalismo, é vida. Mas TV também pode ser sensacionalismo, violência, indução à prática precoce do sexo e a tantos problemas, por conta de programas de péssima qualidade. Esses programas são veiculados até mesmo em emissoras tidas como de alta qualidade técnica e artística, como a Rede Globo: as telenovelas globais, exibidas em horário em que as crianças têm acesso à televisão, abusam das cenas de sexo e das histórias de perversão. O curioso é que quase todas as emissoras de TV saíram com críticas contra a nova legislação anunciada pelo ministro da Justiça, José Gregori, para tentar controlar esse tipo de lixo televisivo, mas, na verdade, as providências anunciadas pelo governo não impõem punições e não passam de medidas paliativas. Falta coragem política e cívica. Cinqüenta anos depois que foram ao ar as primeiras imagens da TV Tupi, a televisão muito mudou em termos de tecnologia: sua imagem, antes só em preto e branco, não tinha longo alcance e não existia o vídeo-teipe. Os programas eram puros e poderiam até parecer ingênuos no contexto atual. Porém, através dos tempos, muitos profissionais souberam valorizar a TV, em benefício do País. Em homenagem a essas pessoas, algumas anônimas, outras famosas, é que defendo a necessidade de cada um de nós lutar pela dignidade: se a TV quiser impor o lixo, simplesmente desligue ou mude de canal.