Opinião - Em busca do tempo perdido


18/03/2009 17:08

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Em nossa função parlamentar nos deparamos diariamente com os mais diversos tipos de pessoas que nos procuram em busca de orientação, de ajuda em relação aos seus direitos e obrigações, esclarecimento de dúvidas e até mesmo pelo anseio de palavras de carinho. Porém, o que mais nos toca, o que mais nos comove é quando uma mãe chega à procura de socorro, de uma mão amiga que se estenda para lhe tirar ou amenizar as suas mais profundas angústias.

E os problemas são muitos, desde o desemprego, dificuldades enfrentadas no sistema de saúde, filhos presos, filhos envolvidos com drogas, maridos desertores de sua função familiar, o direito à educação, muitas vezes desrespeitado, enfim, uma realidade muito além daquela que jamais ousamos imaginar, nos bate à porta num movimento quase que constante.

O mais interessante em tudo isso é a presença da mulher em busca de uma vida melhor. Na maioria dos casos, é ela quem toma a iniciativa, que vai à luta, que mostra a cara, sem medo e com a convicção de quem acredita na possibilidade de uma vida mais digna para si mesma, para sua família e para a sociedade de maneira geral.

Essas mulheres têm o espírito daquelas que, no decorrer da história, levantaram suas mãos em desafio à opressão que a sociedade sempre lhes impôs. Foram-se os tempos das lutas pelo direito ao voto, pelo direito ao trabalho, o direito de escolher livremente seu parceiro, de andar pelas ruas com a cabeça erguida. Hoje nos deparamos com um quadro bem mais crítico do que aqueles pelos quais já passamos. Hoje a luta é pela sobrevivência.

Nossa sociedade tornou-se muito complexa, os papéis, as prioridades foram se transformando no decorrer do tempo e atualmente, apesar de sermos a maioria, ainda representamos um percentual menor de participação ativa na sociedade, em relação ao mundo masculino. No aspecto político esse percentual é ainda mais insignificante. Basta lembrar que, em nossa Assembléia Legislativa, composta por 94 legisladores, apenas nove são mulheres.

A História nos tem mostrado a evolução feminina, desde os tempos da submissão aos valores masculinos aos dias de hoje, onde muitas mulheres se encontram como esteio familiar, tanto na organização quanto no orçamento. Os homens já não se bastam mais sozinhos e a mulher atual vive um momento importante de ocupação de seu espaço. Mães, operárias, donas de casa, mulheres com diploma universitário, mulheres com diploma da vida, vivenciam a busca pela igualdade social, direito básico de qualquer ser humano.

Apesar dos muitos avanços verificados nos últimos anos, ainda existe uma grande distância entre a situação real e a situação ideal para a mulher em nosso país. Entretanto, esta desigualdade vem apresentando índices de redução razoáveis graças à luta, ao trabalho constante e à preservação, que são qualidades naturais da mulher. E temos trabalhado bastante neste sentido, buscando o nosso merecido espaço dentro da sociedade.

O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é uma data especialíssima para que possamos refletir sobre como a sociedade está respondendo a essa evolução feminina, de ouvir seus anseios, de se lembrar de todos os esforços já feitos para que se cultive um futuro brilhante para todos nós.



Célia Leão é deputada estadual pelo PSDB*

alesp