Monteiro Lobato disse em um de seus textos que o Brasil parece com um velho pangaré que costumava ver pastando em um dos sítios vizinhos. O animal estava repleto de parasitas dos mais diversos tipos, em especial gordos carrapatos que sugavam o sangue do animal a ponto deles estarem gordos e vistosos, enquanto o pobre animal estava só pele e osso.Por mais que o animal pastasse não conseguia engordar porque tudo era sugado pelos carrapatos. Qualquer dia destes, dizia o escritor, o cavalo iria acabar morrendo de inanição e os carrapatos seriam vítimas de sua própria gana. Este cavalo, dizia Lobato, era o retrato do Brasil, sugado pelos parasitas, pelo empreguismo, belos bancos, pelos impostos, sem se ver que o resultado seria fatídico para todos.Passados mais de 80 anos, somos obrigados a considerar que o Brasil continua pastando para alimentar os carrapatos. Ainda que a Lei de Responsabilidade Fiscal tenha atenuado o problema, o governo do PT tem levado a política de "carrapatice" aos máximos limites suportáveis. O anúncio do inchaço da máquina funcional, anunciado pela Folha de São Paulo desta segunda-feira, 9/5, foi só mais um indício da maciça transferência de recursos do setor produtivo para outras áreas.Criando mais de 700 empregos por mês, os quais já totalizam quase 20 mil novos cargos, dos quais quase 3,5 mil cargos de confiança, o governo precisa tirar recursos para sustentar este inchaço a partir do aumento da carga tributária e/ou da redução das verbas de investimento. Da mesma forma o setor financeiro, o outro grande carrapato nacional, obtém lucros recordes sugando os recursos retirados da área social " até o fracassado Fome Zero foi utilizado para gerar superávit primário " dos investimentos que deveriam ser feitos em infra-estrutura e, também, do aumento da carga tributária.Certamente é impossível pensar em crescimento enquanto a voracidade do governo por cargos e a dos bancos por lucro continuarem sugando recursos do setor produtivo. Só a coragem dos empreendedores e o sacrifício dos trabalhadores tem até agora evitado que o país sucumba perante tal gana estimulada pelo governo.Com relação ao governo e ao PT, as únicas desculpas que ambos conseguem apresentar são lamentáveis; são como as palavras do carrapato tentando explicar porque suga o sangue do cavalo. É uma ofensa à inteligência de todos os brasileiros o argumento do PT tentado justificar o aumento da carga tributária com base no fato de que o governo do PSDB também ampliou esta carga.Ainda que não se leve em conta o cenário internacional extremamente desfavorável enfrentado por Fernando Henrique e as várias necessidades de ajustes estruturais que precisaram ser feitos, o argumento do PT é absolutamente insustentável. Afinal se elas acham que a carga tributária era alta antes, nenhum motivo tem para aumentá-la ainda mais. Da mesma forma o fato do PSDB ter sido obrigado a elevar a carga tributária no passado não implica de forma alguma em ter de aceitar agora que o PT a eleve ainda mais. Dizer o contrário, como faz o PT, é ignorar a mais simples lógica aritmética.Vale notar, por exemplo, que tão logo o cenário internacional se tornou mais favorável à expansão da economia a carga tributária tem sido significativamente aliviada pelos governantes do PSDB. Um dos grandes exemplos disto é o governo de São Paulo, o governador tem reduzido as alíquotas do ICMS para diversos produtos básicos e isto tem garantido o crescimento do estado a taxas acima de 7%, muito superiores aos pífios resultados obtidos pelo "espetáculo do crescimento" alardeado pelo PT.Mas certamente não é possível obter desenvolvimento real enquanto a nação continuar vendo os resultados do seu empenho sendo sugados, de um lado, pelo inchaço da máquina administrativa " seja para abrigar mais "companheiros petistas" seja para obter maioria no Congresso " e, de outro, pela sanha do setor financeiro alimentado pelas sucessivas altas de juros. Se o PT não sabe o que fazer, deveria ser mais humilde e vir a São Paulo aprender com o governo do PSDB como é possível governar com eficiência e gerar desenvolvimento econômico baixando impostos ao invés de ampliá-los.*Vaz de Lima é deputado estadual pelo PSDB.