Peixe na merenda


18/07/2003 16:00

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi



Estender a experiência que já vem sendo realizada com sucesso no Vale do Ribeira, incluindo o pescado na merenda escolar da rede pública em todo Estado. É com este objetivo que a deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) está reivindicando uma audiência conjunta com os secretários estaduais de Educação, Gabriel Chalita, e de Agricultura, Antônio Duarte Nogueira Júnior. A solicitação do encontro já foi encaminhada por meio de ofícios às duas pastas.

No encontro, a parlamentar irá defender a rápida adoção da medida baseada em três pontos. O primeiro deles é o alto valor nutricional do pescado, que aumenta a quantidade de cálcio e de proteína ingerida pelos escolares, ao mesmo tempo em que reduz o teor de gordura absorvido pelo organismo. "A inclusão do pescado na merenda escolar é fundamental para uma mudança no hábito alimentar da população brasileira, que tem um consumo do produto quase 50% menor que o recomendado pela FAO", enfatiza a deputada Prandi.

Outro ponto a ser destacado por Maria Lúcia é o enorme potencial hídrico do Estado de São Paulo, fator que viabiliza a produção em larga escala de um peixe como a tilápia, utilizado na merenda servida nas escolas do Vale do Ribeira. "Temos a maior quantidade de água represada do País. Isto possibilita que a aqüicultura seja ampliada em todo o interior, aumentando a produção de pescado para atender a demanda criada com a inclusão do alimento na merenda", afirma a parlamentar, lembrando que já há milhares de hectares de espelhos d´água produzindo pescado no interior paulista.

O terceiro ponto item refere-se à possibilidade de geração de empregos e renda, a partir da necessidade de ampliação da produção. Só neste ano, a Cooperativa dos Aqüicultores do Vale (Cooperpeixe, uma das fornecedoras de pescado no Vale do Ribeira) criou 200 empregos diretos, com reflexos imediatos na economia regional. "Como já está provado, essa também é uma forma de gerar empregos, renda e fazer com que a engrenagem econômica se movimente", ressalta a deputada.

VALE-BRASIL

Conforme lembra a parlamentar, a iniciativa que vem sendo desenvolvida no Vale do Ribeira combina-se com as propostas do Governo Federal para o setor. Nas duas vezes em que o secretário Nacional da Pesca e Aqüicultura, José Fritsh, esteve em São Paulo, ele ressaltou a importância da produção do pescado em cativeiro como forma de preservar os estoques naturais e alavancar a produção, permitindo um crescimento paralelo da demanda.

"Dentro das propostas do governo Lula para elevar o consumo de pescado, está a inclusão do alimento na merenda escolar. Assim, estaremos proporcionando um alimento de melhor qualidade nutricional aos estudantes e, ao mesmo tempo, formando gerações de potenciais consumidores para o pescado", diz Prandi.

Hoje, o Brasil responde por apenas 0,5% da produção mundial de pescados. A meta da Secretaria Nacional é ampliar a produção brasileira de 985 mil toneladas anuais para 1,5 milhão de toneladas ainda neste ano, gerando 500 mil empregos em todo País. Para isso, já foram liberados R$ 2,3 bilhões em incentivos para o setor pesqueiro. Até 2006, o objetivo é que o consumo brasileiro per capita salte dos atuais sete quilos para 12 quilos anuais.

PROCESSO DO PEIXE

Atualmente, cerca de 40 mil refeições à base de tilápias vêm sendo distribuídas semanalmente aos estudantes de sete cidades do Vale do Ribeira - Registro, Cajati, Pariquera-Açu, Juquiá, São Lourenço da Serra, Juquitiba e Tapiraí. Além das escolas, também o Hospital Regional incluiu o peixe nas refeições servidas aos pacientes. No momento, o espelho d`água destinado à criação das tilápias soma 3 milhões de m2 no Vale do Ribeira, o equivalente a 300 campos de futebol.

Os tanques se espalham por 52 pequenas propriedades integrantes da Cooperpeixe. Novas técnicas de manejo permitirão um aumento de 200% da atual produção, sem que seja necessário ampliar o número de tanques. Além das cidades onde o peixe é produzido, também Cananéia vem se beneficiando da experiência: a cidade é sede da usina que faz o beneficiamento das 24 toneladas de pescado destinadas à merenda escolar.

Para evitar a rejeição, o pescado passa pela retirada de escamas e espinhos. Em seguida, é processado, transformando-se em barras com formato semelhante a fatias de polenta. Os escolares recebem duas barras de 50g, por refeição. Cada porção representa 15% de toda necessidade diária de calorias durante a fase de crescimento das crianças.

mlprandi@al.sp.gov.br

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