Jornal reconhece que errou e esclarece fatos relacionados com deputado


15/12/2003 16:16

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Da assessoria do deputado Donisete Braga

Suspeita sobre políticos do PT não tinham fundamento. Na terça-feira, 2 de dezembro, o jornal Diário de São Paulo publicou reportagem na qual dizia que o deputado estadual Donisete Braga e o vice-prefeito de Mauá, Márcio Chaves, ambos do PT, estavam sob investigação do Ministério Público em função do assassinato do prefeito Celso Daniel. Uma apuração posterior, conduzida pelo próprio jornal, demonstra que aquela reportagem estava errada.

Conforme correspondência enviada pelo Ministério Público ao jornal, e já publicada, Chaves e Braga nunca foram investigados em função do crime. Foram ouvidos pelo Ministério Público na condição de testemunhas - pois mantinham relações políticas e de amizade com o prefeito e seu círculo. Diversos políticos e personalidades da região do ABC foram ouvidos em condição semelhante, sem que esse fato fosse motivo para se lançar qualquer suspeita sobre eles.

Os promotores ouviram Donisete Braga por causa do celular. Segundo um registro telefônico, por volta das 23h de 19 de janeiro, horas antes do assassinato do prefeito, o aparelho de Donisete fez uma chamada de Juquitiba, na região de Embu, local do cativeiro. Intrigados, os promotores quiseram ouvir o deputado sobre isso.

O depoimento do deputado aos promotores permanece como segredo de Justiça. Em entrevista ao Diário de São Paulo ele assegurou que não esteve naquele local, naquele horário nem naquele dia. Donisete conta que se encontrava no Palácio dos Bandeirantes, numa reunião de políticos de diversos partidos com o governador Geraldo Alckmin, na qual se discutia o seqüestro.

Donisete diz que chegou ao Palácio depois das 21h e só foi embora perto da 1h. Depois disso, conta, foi jantar com três políticos do PT numa churrascaria em Santo André. Chegou em casa por volta das 4h. O deputado reconhece que usou o celular várias vezes naquela noite, mas sustenta que permaneceu no Palácio todo o tempo. "Esse telefonema não existiu. Se existiu, não foi feito de meu celular", diz Donizete. A distância entre o Palácio e Juquitiba é de cerca de 15 km.

Embora a maioria dos registros permita localizar as chamadas de celular com razoável precisão, as distorções são possíveis. O deputado Romeu Tuma (PPS), que foi delegado de polícia, conta que certa vez rastreava o celular durante uma operação quando foi enganado por um sinal fora de lugar. "Parecia que o aparelho estava ao lado da minha delegacia, mas na verdade encontrava-se a mais de 20 km de distância", diz Tuma.

Vários políticos entrevistados pelo Diário de São Paulo confirmam ter encontrado o deputado no Palácio dos Bandeirantes naquela noite e dizem que ele permaneceu no local até o final do encontro, depois da meia-noite. Um repórter do ABC paulista lembra que entrevistou Donisete quando ele chegava ao Palácio. Existem fotos nas quais se vê o deputado sentado à mesa no Salão de Despachos do Palácio, atrás de Marta Suplicy, José Dirceu e de outros políticos. As fotografias foram tiradas na parte inicial do encontro. Quase dois anos depois, não foi possível definir o horário exato em que as fotos foram feitas, mas elas demonstram que o deputado esteve no Palácio.

O vice-prefeito de Mauá, Márcio Chaves, esteve ao lado do deputado a maior parte do tempo naquele dia. Quando muitos políticos foram dormir, Chaves retornou à vigília que se realizava na sede da prefeitura. Ele foi ouvido pelo Ministério Público apenas para confirmar que ambos haviam permanecido aquela noite no Palácio dos Bandeirantes.

dpbraga@al.sp.gov.br

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