É preciso mudar a Lei Pelé

Opinião
13/08/2008 16:28

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Há tempos tenho notado o êxodo, a "fuga" de jovens atletas do nosso futebol para todos os cantos do mundo. Essa evasão de talentos é notadamente patrocinada por empresários, muitos dos quais de índole duvidosa, que recrutam, na várzea ou em clubes do interior do país, adolescentes e até meninos com promessas de futuro brilhante na cobiçada carreira de jogador de futebol. Sabemos, no entanto, que uns poucos eleitos conseguem chegar lá e se tornar astros, principalmente nos gramados europeus. Os demais acabam amargando o ostracismo e também dificuldades para sobreviver em países distantes. Nesses casos, até mesmo os familiares desses atletas são atingidos pelas dificuldades, tendo em vista que esses maus empresários costumam oferecer vantagens " como empregos ou bônus, de acordo com o desempenho e valorização do jogador " mas que caem por terra quando se descobre que o talento que aflorava naquele jovem atleta não o levou ao estrelato.

Preocupado com essa questão, elaborei a Moção 56/2007, propondo a esta Casa o seu encaminhamento ao presidente da República, aos presidentes do Senado e da Câmara Federal e aos líderes partidários, no sentido de que seja realizado um reestudo e aprimoramento da chamada Lei Pelé. Essa lei foi aprovada com bons propósitos, para melhorar o relacionamento entre atletas e clubes brasileiros. Entretanto, acabou criando uma série de vícios e de brechas, permitindo que nossos jogadores caiam, em muitos casos, nas mãos de maus empresários.

Há que se ressaltar também os problemas para os clubes e para o futebol brasileiro. Assim, sob o pretexto de libertar os esportistas do domínio dos clubes, a Lei Pelé jogou esses jovens nos braços dos empresários, e o resultado do investimento, o lucro que poderia ser reaplicado, que antes era destinado aos clubes, agora fica direcionado aos negociantes. No passado, os clubes investiam na formação dos jogadores e, nas transações, terminavam recebendo pelo investimento. Essa situação atual, portanto, possibilitada pela legislação, compromete a situação financeira das equipes e a qualidade do futebol brasileiro.

Por essas razões é que defendo revisão e aperfeiçoamento da Lei Pelé. A moção que elaborei, com esse objetivo, contou com o apoio dos nobres pares Alex Manente, Roberto Morais, Luis Carlos Gondim, Davi Zaia (todos do PPS), Campos Machado (PTB), e Afonso Lobato(PV). O documento ainda continua em tramitação nesta Casa, tendo sido encaminhado à Comissão de Esportes e Turismo. A moção foi distribuída ao nobre deputado Chico Sardelli (PV) que deverá encaminhar à direção da Casa, para que seja enviada ao presidente da República e aos legisladores federais para a devida correção desses vícios e brechas, em benefício dos nossos atletas, dos clubes e do respeitado futebol do Brasil.



*Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS

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