POR UMA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE ESPORTE - OPINIÃO

Marquinho Tortorello *
04/05/2001 16:32

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Qualquer observador pode constatar que a partir do século passado o esporte e a educação física vêm se tornando um dos mais importantes fenômenos sociais do mundo.

Acho que este fenômeno se explica pela sua abrangência, pelo envolvimento de suas relações, pelas suas implicações educativas, sanitárias, de bem-estar social e até de rendimento.

O fenômeno é de tal intensidade que ocasionou, nas últimas décadas, verdadeira mudança do conceito acerca das práticas esportivas e de educação física. Tanto que, a partir de l979, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na Carta Internacional de Educação Física e Desportos, assumiu a perspectiva do esporte como um direito das pessoas. Através das Nações Unidas, a comunidade internacional declarou que, além de um esporte de rendimento, competitivo, de clubes, existe um esporte na escola e um esporte popular, desde a várzea até o estádio municipal.

Já que é um direito de todos (é bom lembrar: das crianças, adolescentes, jovens, adultos, melhor idade, portadores de necessidades especiais), seria preciso que o esporte fosse realmente implementado como democraticamente disponível para todos.

Há quem aceite, facilmente, a perspectiva de investimentos em esportes mas somente direcionados na linha da alta competitividade. Isso é necessário e certamente vai sempre existir. Estamos conscientes, contudo, que tais investimentos deverão ser cada vez mais aperfeiçoados e transparentes.

Hoje, porém, gostaríamos de chamar a atenção para as questões sociais inerentes à prática esportiva, sobretudo a sua ligação com a educação. Essa é a ampliação do conceito de esporte a que nos referimos, e que desejamos ver posto em prática nas redes públicas de ensino municipal e estadual.

As prefeituras que a estão realizando merecem o aplauso das famílias. Algumas delas, como São Caetano do Sul, estão num nível de primeiro mundo; outras ainda, mesmo com boa vontade, se encontram num estágio lamentável.

As prefeituras que ainda não se despertaram para esse direito das pessoas precisam ser alertadas para não ficarem aquém das necessidades cada vez mais urgentes de seus munícipes.

E o Estado, que infelizmente insiste em marginalizar o esporte e a educação física, ou reduzi-los à insignificância de aulas facultativas, mal remuneradas, em horários impraticáveis, merecem a repreensão de todos os cidadãos atentos à educação das crianças e dos jovens.

* Marquinho Tortorello é advogado, professor, deputado estadual, membro das comissões de Economia e Planejamento e Esportes e Turismo.

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