Crise na TV Cultura: presidente expõe sucateamento da emissora


25/06/2003 20:02

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Da assessoria do deputado Vicente Cândido

A Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia recebeu, nesta quarta-feira, 25/6, o presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, Jorge da Cunha Lima, que expôs a situação crítica em que se encontram as finanças da Fundação devido ao contingenciamento dos recursos pelo governo estadual.

Segundo ele, "dos R$ 18 milhões destinados à investimentos, nenhum centavo foi desembolsado pela Secretaria da Fazenda, assim como 3,4 milhões da verba de custeio e manutenção, 10% do total, que permanecem retidos pelo governo. As dívidas para o ano de 2003 já somam R$ 23 milhões."

Cunha Lima falou sobre a falta de investimentos periódicos, que tem causado defasagem técnica e, em breve, tornará inviável as produções da emissora. "São necessários 12 milhões anuais, nos próximos quatro anos, para que possamos nos adaptar ao mundo digital, que já é uma realidade", afirmou Cunha Lima.

O deputado Enio Tatto (PT), propositor da CPI da TV Cultura, questionou o presidente da Fundação, solicitando cópia dos contratos feitos com empresas terceirizadas. "Está havendo, no mínimo, omissão do Conselho de Administração. É seu dever tornar público essa crise para que a sociedade cobre do Executivo o repasse das verbas, já que não há vontade política do governo para com a TV Cultura."

A necessidade de fontes alternativas de recursos, como a publicidade institucional, tem provocado, segundo o Sindicato dos Radialistas de São Paulo, a busca de maior audiência para o incremento de espaços comerciais, rebaixando o nível da programação. As verbas publicitárias já representam 37,3% das receitas da Fundação. "A população de São Paulo paga seus impostos ao Estado para ter uma TV de qualidade", defendeu o coordenador da entidade, Nilton de Martins. "Atualmente, 67% da programação da emissora é de reprises e estagiários estão produzindo e sendo cobrados como profissionais."

O deputado Simão Pedro (PT) afirmou que é preciso discutir o formato da relação entre a Fundação e Governo do Estado. "Há um descompasso evidente entre o governo e a Fundação sobre o entendimento do papel da Emissora. A gestão deve ser discutida em sua amplitude, não nas minúcias da administração", afirmou. Segundo o deputado Vicente Cândido (PT), é necessário priorizar o repasse integral das verbas aprovadas, sendo a TV Cultura patrimônio da população paulista. "O Estado tem que cumprir a lei e repassar os recursos. O quadro traçado só denuncia o descaso dos tucanos com a emissora e com a qualidade da formação cultural dos cidadãos". A secretária da Cultura, Cláudia Costin, deverá prestar esclarecimentos sobre o assunto à Comissão em agosto, por sugestão dos deputados petistas.

vcandido@al.sp.gov.br

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