A Reforma do Judiciário e a Advocacia foi o tema do seminário promovido nesta segunda-feira, 16/10, pelo Grupo Temático Cidadania do Fórum São Paulo Século XXI, coordenado pelo deputado Claury Alves Silva (PTB).Participaram como palestrantes o deputado federal e ex-presidente da Ordem do Advogados do Brasil (OAB) José Roberto Batochio, o conselheiro e representante da OAB, Edson Cosac Bartolai, o advogado e ex-secretário geral da OAB, Raimundo Hermes Barbosa e o ex-presidente da Caixa dos Advogados de São Paulo, Roberto Ferreira.O primeiro palestrante foi José Roberto Batochio, que participou da formulação do projeto de Reforma do Judiciário como subrelator do tema acesso à justiça. Batochio considera equivocada a perspectiva de uma reforma do Judiciário que se dê simplesmente pela via processual. Para ele, a perspectiva que deve ser adotada é aquela que tome o Judicário em sua constituição orgânica e sua estrutura institucional. Diante da crescente demanda por justiça, derivada do crescimento populacional, "não adianta mudarmos a liturgia da missa, se não aumentarmos a igreja", comparou. Segundo Batochio, a reforma deve visar o aumento da estrutura do Judiciário, "ou tudo se transformará numa piada processual". Ele referiu-se ainda ao seu substitutivo à Proposta de Emenda Constitucional, que prevê o aumento do número de ministros no Supremo Tribunal Federal e no Supremo Tribunal de Justiça e o fim da vitaliciedade do cargo. Disse que das suas propostas ao projeto, apenas duas foram acolhidas: a que propunha a Justiça 24 horas e a de redução das férias coletivas. "Infelizmente, a lei anti-nepotismo não passou no Congresso."O deputado ainda falou sobre o decreto governamental que proíbe juizes de conceder liminares a respeito de questões tributárias. "Teme-se que os juízes dêem ganho de causas contra o governo." Para ele, a reforma não mudou muita coisa, somente assuntos processuais, o que não facilitou o acesso do povo à Justiça. "Na verdade, a reforma atendeu às exigências do capital internacional, que mostram receio em investir num país onde se concedem liminares contra privatizações."O representante da OAB, Edson Cosac Bortolai, explicou que um dos problemas do Judiciário é o restrito número de juízes. "Há receio por parte dos magistrados de que com o aumento do número de colegas, haja complicações futuras com suas aposentadorias devido a uma eventual quebra nos cofres públicos." Segundo Bortolai, eles também vêem esse aumento como forma de banalizar a categoria. "Socialmente é diferente pertencer a uma carreira com 300 integrantes e outra com 30 mil."Bortolai ainda defendeu mudanças legislativas no Código Penal, como penalização de menor infrator reincidente e pena em dobro para quem atira em policiais. "Temos que devolver a moralidade aos policiais."Roberto Ferreira, ex-presidente da Caixa dos Advogados lembrou que a Lei de Responsabilidade Fiscal limitou em 6% a destinação de verbas ao Judiciário. "Para São Paulo, isso é insuficiente", afirmou Ferreira que é a favor da ampliação de defesa para policiais desde que haja recíproca. "O policial precisa se reciclar para tratar corretamente a população."O advogado protestou contra a dispensa de atuação de advogados nos Juizados de Pequenas Causas. "Até o portal IG tem oferecido serviços virtuais de advocacia. Assim, nosso trabalho acabará sendo descartável no futuro."Batochio retomou a palavra para esclarecer que defender a atuação em pequenas causas não é corporativismo, mas cidadania. "A lei estabeleceu que causas de até 40 salários mínimos vão para os Juizados de Pequenas Causas, sem a necessidade do Estado oferecer acompanhamento de advogados àqueles sem recursos. Entretanto, as grandes empresas vão se apresentar com excelentes advogados e vão acabar ganhando a causa contra o pequeno consumidor."