Opinião - Vamos Pensar?

Vitor Sapienza*
29/07/2009 18:24

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A disparidade de gastos com a educação, envolvendo todos os níveis, precisa ser avaliado com cautela e profundidade. De um lado, o ensino superior consome proporcionalmente muito mais recursos que o ensino fundamental e o profissionalizante, e de outra parte, o Brasil necessita de melhor qualidade na preparação das crianças e adolescentes e, mais importante, sente a falta de técnicos e tecnólogos para alavancar o desenvolvimento.

Um relatório do Ministério da Educação indicou que o país investe seis, sete vezes mais nos universitários do que nos estudantes da educação básica. O mesmo levantamento revelou que o custo de um estudante do ensino superior está em torno de R$ 11.800 ao ano, enquanto o investimento médio na educação básica fica em cerca de R$ 1.770 por aluno. Como se vê, trata-se de distância entre as duas pontas que a sociedade tem que avaliar. O ensino fundamental é a base mais importante para a formação cultural e intelectual e deve receber mais atenção, mais recursos para uma melhoria rápida na sua qualidade.

E é por isso, pela baixa qualidade da escola pública, que os pais com mais recursos preferem colocar os filhos em escolas particulares para que depois tenham condições de ingressar nas universidades públicas, consideradas em geral como escolas de boa qualidade. Nesse caso, quem fez educação básica em instituições do Estado ou da prefeitura fica em desvantagem na concorrência por vagas nas universidades públicas. Então temos o fenômeno inverso: o aluno da escola pública tende a pagar a universidade, quando pode, apesar das cotas existentes.

Já um estudo da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, do Ministério da Educação divulgado há três meses, indica que existe a necessidade de triplicar o número de vagas no ensino médio profissionalizante. Hoje existem cerca de 600 mil alunos no ensino técnico. O governo paulista tem demonstrado interesse no tema, com o apoio da Assembléia Legislativa, e já anunciou que até o ano que vem o Estado terá 196 escolas técnicas (ETECs). Atualmente são 151 ETECs e 47 faculdades de tecnologia (Fatecs). O quadro está melhorando mas ainda há muito por fazer.

O Brasil precisa de mão de obra especializada para o desenvolvimento do setor produtivo, que acaba gerando empregos e riqueza. Nada contra os bacharéis, até porque sou um deles, mas na atual conjuntura o país tem que estar preparado para a competitividade internacional e, dessa forma, reunir condições de melhorar a qualidade de vida da população. São temas que, como já dito, merecem uma reflexão e discussão da sociedade como um todo.



*Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS

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