A ampliação das discussões sobre a regionalização do Porto de Santos vem ao encontro do que sempre defendemos: debates profundos, com os diversos setores, para que esse memorável processo fortaleça o Porto como porta de entrada de desenvolvimento, empregos e riqueza para toda a região. A Lei Estadual 9.511/97, de minha autoria, autoriza a regionalização e não propõe modelos, nem poderia, porque os consensos precisam ser construídos. É certo, no entanto, que a regionalização não pode jogar uma pá de cal nas necessárias investigações sobre desmandos e corrupção, que temos denunciado e apresentado ao Ministério Público. A Comissão Parlamentar de Inquérito proposta em Brasília pela deputada federal Telma de Souza, não pode ser abortada. Entre as discussões que se colocam, é essencial a redefinição do Porto Organizado, para barrar a desleal concorrência de instalações privadas com o Porto Público. Quanto à Codesp, por que extingui-la, complicando e retardando o processo? Defendo a manutenção da Codesp, o seu completo saneamento e a firme cobrança dos devedores. Defendo também que a companhia volte a ser operadora portuária, para estabelecer contrapontos, em termos de custos, e para que pequenos operadores não fiquem reféns dos grandes. Além disso, a manutenção da Codesp preserva postos de trabalho dos atuais funcionários. O Porto de Santos não é somente o maior do Brasil e da América Latina. É, também, importante patrimônio histórico e cultural. Descaracterizar a sua arquitetura, como temos visto, destrói muito de nossa história e empobrece o potencial turístico. O processo de regionalização tem que pensar na integração Porto-cidade. Modernidade, preservação, qualidade de vida e fomento a novas atividades devem ser contemplados. Precisamos, enfim, resgatar a importância do Porto e do trabalhador portuário para combatermos a crise, o desemprego, a violência e tantas outras mazelas sociais. Reitero o compromisso de luta, de fiscalização e resistência ao lado dos trabalhadores. Maria Lúcia Prandi é deputada estadual pelo PT e autora da Lei Estadual 9.511/97, que autoriza a Regionalização do Porto de Santos.