Ética e democracia foram lembradas como valores marcantes na vida de André Franco Montoro, durante a inauguração, nesta sexta-feira, 11/5, da estátua que homenageia o ex-governador paulista. Situado no pátio da Assembléia Legislativa, o monumento foi criado por iniciativa da organização não-governamental Associação de Cultura Democrática Paulista e doado ao Parlamento de São Paulo. A Mesa Diretora decidiu instalar um parlatório no local. "Montoro vai gostar de ouvir a opinião da sociedade", disse o presidente da Assembléia, Walter Feldman.Além de membros da família - a viúva Luci Montoro, os filhos André Franco Montoro Filho e Ricardo Montoro, entre outros -, e do presidente da Assembléia, a cerimônia contou com a participação de dona Ruth Cardoso, representando o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; do deputado Vanderlei Macris, presidente da ONG que idealizou a homenagem; dos ministros Paulo Renato de Souza, da Educação, e José Gregori, da Justiça; de deputados, secretários de Estado e ex-colaboradores do governo Montoro.Na abertura da cerimônia, o deputado Vanderlei Macris (PSDB) destacou a afinidade entre o nome dado ao monumento - "A Cultura Democrática em São Paulo" - e a figura do ex-governador. "O monumento é, na verdade, à democracia e às idéias de Montoro", disse. "Ele era um apaixonado pelas teses democráticas", concordou Chopin Tavares de Lima, ex-secretário de Montoro, que entregou a dona Luci um pôster do monumento. Ele lembrou o papel fundamental do ex-governador, ainda na década de 50, em favor dos ideais da integração dos países latinos.Esse perfil de pioneiro no debate dos temas nacionais foi endossado pelo presidente da Assembléia. "Montoro tinha a capacidade de idealizar e construir a realidade a partir da ação coletiva", disse Feldman. "O último tema com que ele se preocupou foi a água. Ele não tinha razão?", comentou.Dona Ruth Cardoso leu um texto enviado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, lembrando mais de duas décadas de convivência entre os dois políticos e a defesa de ideais comuns, como o parlamentarismo. "Procuro inspirar-me nele para bem cumprir as responsabilidades que me cabem como presidente da República", escreveu FHC. O governador de São Paulo destacou o papel de dona Luci como presidente do Fundo Social de Solidariedade e definiu a gestão de Montoro em São Paulo como "um governo histórico, um paradigma da administração pública". "Ele sempre demonstrou coerência entre o pensamento e a forma de agir", lembrou Geraldo Alckmin.Em nome da família, o secretário de Economia e Planejamento, André Franco Montoro Filho, disse que a homenagem tem o perfil do ex-governador: foi realizada sem recursos públicos e de forma descentralizada, sem a participação da família, e destaca a importância da ética na política. "Os esforços de meu pai, nesse sentido, têm uma atualidade excepcional", completou.MonumentoAndré Franco Montoro (1913-1999) foi ministro, vereador, deputado estadual, deputado federal e senador por São Paulo. Governou o Estado de 1983 a 1987. Um dos políticos mais atuantes do país, foi um dos responsáveis pela retomada da democracia após o governo militar instalado em 1964. O monumento a seus ideais, de autoria do escultor Santos Lopes, tem 8 m de altura e 7 m de largura. Sob a figura em bronze do ex-governador, uma base serve de suporte para seis placas relativas a fatos marcantes de sua vida pública como professor e político. A ONG Associação de Cultura Democrática Paulista foi criada em abril do ano passado, com a finalidade de captar recursos, sob incentivo da Lei Rouanet, para concretizar a homenagem ao ex-governador. Presidida pelo deputado Vanderlei Macris, entre seus membros fundadores estão o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro Paulo Renato de Souza e o ex-ministro Clóvis Carvalho, que foi secretário de Planejamento de Franco Montoro.