Opinião - O alcoolismo entre os jovens


16/12/2011 19:08

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Houve um tempo, nos anos 60 e 70, que os nossos jovens varavam as noites em bailinhos, ao soms de músicas românticas, dançando de rosto colado, movidos por boleros que não direi inesquecíveis, até porque muitos já se apagaram de nossas mentes. Ficou a lembrança e a certeza de que tudo valeu a pena.

Entre uma seleção musical e outra, num intervalo curto, os jovens caminhavam para os balcões, muitas vezes de bares improvisados, e tomavam a bebida da época, a Cuba Livre. Cerveja era uma raridade, não apenas pelos preços proibitivos, como também por ser um hábito dos mais idosos.

"Tempos bons", dirão todos os que viveram aquela época. "Juventude ingênua", dirão os nossos jovens de hoje. "Nem tanto", talvez digam os mais sensatos. Mudou a dança, mudaram os hábitos, mudaram as pessoas, e principalmente os jovens.

O som agressivo de hoje maltrata os ouvidos de quase todos nós, que vivemos, - usando a linguagem dos jovens - "curtimos" aquela época. Digo "som agressivo" porque além dos acordes, há também a postura dos dançarinos, a linguagem adotada, o volume do som, a redundância como receita para o sucesso quase sempre fugaz.

O intervalo, hoje, é muito diferente do que tínhamos. A presença no balcão é constante e a bebida está virando a principal companheira dos nossos jovens nas tais baladas, nas ruas, nos bares, no lares. E o pior é que o hábito das grandes cidades virou fato corriqueiro também nas pequenas cidades do interior. E gente cada vez mais jovem vai se aproximando da bebida, está sendo dominada por ela. Para a tristeza de todos nós, o alcoolismo vem crescendo de maneira acentuada.

Vítima de um apelo constante, o jovem vê-se envolvido por campanhas publicitárias cada vez mais inteligentes, que cativam e escondem o lado desumano, doloroso que está por trás do alcoolismo. O termo "beba com moderação", obrigatório nessas campanhas, é uma ilusão. Ilusão porque a mensagem publicitária é muito mais forte, mais objetiva, mais contundente que a tal advertência que, a nosso ver, existe apenas para atender à lei, e nada mais.

Precisamos mudar esse quadro, mas sabemos que é algo pouco animador. Uma alternativa seria a implantação de programas escolares, voltados para manter o jovem longe da bebida. E é possível que surjam críticos dizendo é utopia, e que a droga é mais perniciosa que a bebida.

Aos críticos, diremos que bebida e droga são vícios, e como tal, precisam ser combatidos. E não é o fato de existir algo mais perigoso, ou menos perigoso, é que vamos escolher a alternativa mais ou menos difícil. O problema é único e precisa ser combatido nos lares, nas escolas, nas ruas. Combatido e reforçado com diálogo, e principalmente com bons exemplos por parte dos adultos. No contexto, a escola deve ser apenas um complemento.



*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado.

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