CPI das Financeiras ouve representante do Banco Ford e convoca Banco Fiat e Factor Brasil


16/05/2001 18:22

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A Comissão Parlamentar de Inquérito, presidida pelo deputado estadual Claury Alves da Silva (PTB), que investiga as financeiras tomou o depoimento, na tarde desta quarta-feira, 16/5, do diretor financeiro do Banco Ford, Vander José Gonçalves, que explicou que o objetivo final da empresa é escoar a produção.

Segundo o depoente, o Banco Ford financia o pagamento dos veículos como forma de facilitar a venda. Quanto a Ford Factoring os financiamentos são feitos visando a melhora da saúde financeira das empresas fornecedoras da montadora. Outra modalidade de financiamento é feita para as concessionárias.

Gonçalves não soube responder a uma série de perguntas, entre elas qual o faturamento do Factoring, número de empresas de cobrança contratadas e valor do ISS pago ao município de São Bernardo, onde fica a sede das empresas, mas colocou-se à disposição da CPI para enviar todas as respostas, por escrito, posteriormente. Ele informou que no último balanço, publicado em abril, consta um prejuízo de mais de R$ 30 milhões do Banco Ford e mais de R$ 100 milhões do Leasing.

Em resposta às perguntas dos deputados sobre qual o motivo de a empresa continuar investindo no Brasil apesar do prejuízo, com destaque para a nova fábrica da Ford instalada na Bahia, Gonçalves ressaltou que o Brasil, juntamente com a Ásia, é hoje o lugar com maior possibilidade de crescimento do consumo de automóveis, um mercado que já atraiu para o país mais de 15 montadoras. O representante da Ford afirmou que o prejuízo foi coberto pela Ford Mundial, com dinheiro enviado pelos Estados Unidos, e que boa parte dele teria sido causado pela inadimplência fruto dos contratos em dólar, firmados até o final de 1998.

Questionado sobre como o Banco Ford trata seus clientes inadimplentes, o representante da empresa afirmou que é cobrada multa de 2%, acrescida de juros de 1% ao mês, como manda o Código de Defesa do Consumidor. Sobre o tempo que leva para informar a negatividade do cliente, Gonçalves disse que a empresa procura dar o máximo de tempo para o consumidor saldar sua dívida, em torno de 180 dias, período durante o qual é informado por carta sobre a inadimplência. De acordo com ele, a cobrança é terceirizada e é dada ao cliente a possibilidade de negociar sua dívida, com parcelamentos e até descontos. "Não nos interessa ter o carro de volta", disse ele.

Estavam também convocados para prestar depoimento nesta quarta-feira, o Banco Fiat e a Factor Brasil, que não enviaram representantes e, por isso, serão convocados coercitivamente.

No próximo dia 23 de maio deverão comparecer à CPI os representantes das empresas de cartões de crédito American Express Card e Unibanco.

alesp