Saúde da Terceira Idade é tema de audiência pública

(com fotos)
30/04/2002 20:48

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DA REDAÇÃO

Em 2025, o Brasil terá mais de 30 milhões de habitantes com mais de 60 anos. O crescimento relativo da população de idosos impõe alguns desafios para o sistema de saúde. Para discutir essa questão, a Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia Legislativa de São Paulo, presidida pelo deputado Alberto Calvo (PSB), realizou na tarde desta terça-feira, 30/4, audiência pública com as presenças do diretor do Serviço de Geriatria do Iamspe, Nei Ribeiro Perracini, do diretor do Centro de Estudos de Envelhecimento da Unifesp, Luiz Ramos, e da representante do Centro de Referência do Idoso da Secretaria da Saúde, Ursula Karsch, além dos deputados Newton Brandão (PTB), Mariângela Duarte (PT) e Pedro Tobias (PSDB).

O Brasil é um dos países que demonstram maior crescimento de sua população de idosos, disse Luiz Ramos. Do ponto de vista da saúde, há um problema intenso, já que à transformação demográfica associam-se as transformações epidemológicas. Isso quer dizer que algumas doenças assumem maior importância na esfera da saúde pública. Segundo Ramos, a maior parte das doenças na velhice estão associadas à perda de função. Por essa razão, para envelhecer bem são necessários cuidados na fase de plena função. Número significativo de idosos padece de doenças crônicas. Muitas delas derivadas da perda de função e da associação e acumulação de males. O agravamento das condições de saúde, freqüentemente, deriva da ingestão de variedade de medicamentos, formando-se assim uma tríade de fatores de risco: múltiplas patologias, polifarmia, iatogenias. Ser homem, sofrer quedas e acidentes vasculares cerebrais são os principais fatores de risco de mortalidade entre os idosos.

Mudança de paradigmas

Os gastos com os idosos no sistema de saúde são desproporcionais à sua participação na escala demográfica. Enquanto a faixa etária entre 0 e 14 anos representa 34% da população e consome 20% dos custos do sistema, os maiores de 60 anos representam 8% da população e consomem 24% dos custos. A perspectiva é que daqui a 20 anos sua participação passe a quase 50% dos custos. Para minorar essa participação, entende Luiz Ramos que o sistema de saúde deve investir na manutenção e reabilitação da capacidade funcional. "Vivemos uma mudança de paradigmas em que saúde não significa mais ausência de doenças. Doenças existem, mas o fundamental é manter a capacidade funcional, diminuir as dependências do idoso reabilitando suas capacidades." Para isso são necessários investimentos e mudanças a serem encaminhadas no âmbito do Legislativo, concluiu Ramos.

Longevidade e inteligência

Nei Perracini discorreu sobre longevidade associada à inteligência humana, numa apresentação sobre as etapas do desenvolvimento histórico em que a inteligência humana conquistou importantes conhecimentos para a ampliação da longevidade. Destacou em particular as descobertas científicas de meados do século XIX e início do século passado: vacinas, anti-sépticos, sulfas, quimioterápicos, insulina e a penicilina, que inaugurou a era dos antibióticos.

Centro de Referência

A representante do Centro de Referência do Idoso, Ursula Karsch, acrescentou alguns dados sobre as condições de vida da população de idosos. Em São Paulo, a população maior de 60 anos dobrou nos últimos vinte anos. E como vivem essas pessoas? Mulheres representam a maior parcela. A maioria (80%) vive em suas próprias casas, 11%, com familiares, e 4% em estabelecimentos com serviço médico. Assim, percebe-se que das pessoas com mais de 60 anos, apenas 20% têm independência restrita. O grande desafio colocado pela Política Nacional de Saúde do Idoso, criada em 1999, é garantir dois valores básicos: a independência e autonomia. "Assim, o Centro de Referência de São Miguel atua segundo os princípios do atendimento global ao idoso", diz Úrsula Karsch, explicando que esse projeto piloto tem a participação de várias secretarias estaduais no desenvolvimento de programas e serviços dirigidos aos idosos da Zona Leste da Capital.

alesp