A LIÇÃO DAS ELEIÇÕES - OPINIÃO

Marquinho Tortorello*
01/11/2000 17:12

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Acabamos de viver meses preciosos para a vida da Nação. Foram meses de debate democrático, tudo culminando com o veredicto soberano do povo, para o Executivo e o Legislativo de cada município.

Para alguns, foi um período desgastante. Mas na realidade, para a imensa maioria dos brasileiros, especialmente para quem aceita o jogo democrático, as eleições são revitalizantes. Os políticos saíram às ruas, mergulharam no meio do povo, tiveram de prestar contas de seus atos e aceitar o embate democrático.

Primeiramente, as eleições são revitalizantes porque são o momento em que o poder retorna ao povo, com o máximo de visibilidade. Do povo emana toda a representatividade e legitimidade do poder político. Bem informado, é muito difícil o povo errar. O nível de consciência dos brasileiros só tende a crescer e o ilusionismo político parece cada vez mais com os dias contados.

Em segundo lugar, porque os candidatos se expõem diante dos eleitores, têm sua vida vasculhada, sua coerência posta à prova. São obrigados a esclarecer eventuais pontos obscuros de sua trajetória pessoal, empresarial ou política. São questionados acerca do preparo e da competência para lidar com o patrimônio público. Têm inclusive a chance de corrigir suas rotas, provar que superaram contradições.

Conflitos? São inevitáveis. As campanhas os acentuam, os aguçam. Mas as campanhas são também ocasião privilegiada para desenvolver negociações, aproximar os diferentes, praticar o diálogo, exercer a criatividade. Sob uma condição: que tudo seja feito pensando no bem do povo, através de conteúdos programáticos alicerçados numa apurada análise da realidade e exeqüíveis dentro de orçamentos rigorosos.

Sob este prisma, as campanhas eleitorais são uma fonte de aprendizado para eleitores, candidatos e partidos. Sabemos que o objetivo das campanhas é a conquista do poder. Mas a difusão de idéias, amplificadas pelo rádio e pela TV, a apresentação de denúncias, com as provas imprescindíveis, a chance de gerar esclarecimentos, a afirmação de compromissos, a submissão de tudo ao crivo da ética, justificam até mesmo o enfrentamento de uma campanha sem necessariamente visar a chegada ao poder.

A democracia só se efetiva mediante o seu exercício. E a melhor escola democrática passa sempre pelo voto livre e universal.

As eleições são, por todos os motivos, um motivo de festa para a Nação que, mais uma vez, acaba de demonstrar civilidade e maturidade, sob o comando de uma Justiça Eleitoral competente e soberana.



(*) Marquinho Tortorello é advogado, professor e deputado estadual (PPS), membro das Comissões de Economia e Planejamento e Esporte e Turismo da ALESP.

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