Opinião - No embalo da Copa


22/06/2011 15:50

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Há muito tempo o futebol deixou de ser um esporte e passou a ser um negócio. E isso se acentua a cada dia, não apenas quando vemos os uniformes de clubes transformados em vitrines, como no que acontece nas negociações envolvendo atletas.

Na verdade, o futebol se submete apenas à censura econômica. É ela quem dita as normas, divide os espaços, disciplina ou cria horários e, ao gosto do anunciante, faz do torcedor gato-sapato. Essa situação, somada às normas antiquadas, faz com que o esporte caia na vala comum, onde pessoas ou grupos, empresas ou aventureiros discutem apenas o que lhes interessa, e deixam num segundo plano os protagonistas, ou seja, os clubes, que bem ou mal tentam manter o elenco de modo a que possam sobreviver.

O assunto vem à baila agora, na Assembleia Legislativa. Como integrante da frente parlamentar que discute a limitação do número mínimo de lugares nos estádios de futebol, e como deputado há muito tempo ligado ao esporte, eu não poderia abrir mão do tema.

A Federação Paulista de Futebol determina limites mínimos de lugares, de acordo com a série de que o clube participa. E isso resulta em altos custos para prefeituras e clubes, na construção e adaptação de arquibancadas, custos nem sempre condizentes com a realidade da cidade ou da região.

O público médio nos estádios, em jogos das séries B e C, não é superior a 6 mil torcedores, enquanto a FPF determina estádios com 15 mil, 20 mil lugares. A rotina é um quadro pior, com 200, no máximo 500 torcedores abnegados, gritando por seus times, por suas cidades.

Essas normas antiquadas ainda predominam sobre o bom senso, e mostram que, ao longo do tempo, se transformaram em descaso, inoperância, falta de visão.

Quando estipula a capacidade de público de determinado estádio, a Fifa se baseia no conforto, segurança, praticidade e visibilidade. No entanto, aplicar determinadas condições a estádios de pequeno porte, construídos para um futebol que tem os olhos apenas nos grandes centros, é uma temeridade, um convite ao fracasso. Ou até mesmo a oportunidade para que recursos sejam desviados. E é isso o que nos preocupa, e que começamos a discutir na frente parlamentar. (mlf)



*Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS

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