DA REDAÇÃOSe a Assembléia Legislativa aprovar o Projeto de Lei Complementar 14/2002, São Paulo se tornará o primeiro Estado brasileiro a ter uma Agência de Defesa Agropecuária, organismo que se encarregará de fiscalizar e assegurar a sanidade de rebanhos e culturas agrícolas.O padrão de qualidade sanitário implementado pela agência vai permitir o aumento da aceitação dos produtos agrícolas paulistas, acredita o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, João Carlos de Souza Meirelles. Com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (Adaesp) torna-se, assim, "um novo elemento de rastreamento de cada etapa da cadeia produtiva agrícola", afirmou Meirelles. Para ele, a Adaesp - que, de acordo com o PLC, terá sede em Campinas - também possibilitará aumento da oferta de empregos e eliminação de barreiras comerciais.O secretário reuniu-se com o presidente da Assembléia Legislativa, Walter Feldman, na terça-feira passada, para pedir aos deputados que o projeto tramitasse em regime de urgência - solicitação que viu atendida no dia seguinte, quando 62 votos parlamentares, em plenário, concordaram em dar ao PLC 14/2002 tramitação mais acelerada. A votação foi acompanhada por cerca de 800 funcionários da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado, interessados num projeto que "proporciona maior infra-estrutura para o setor e benefícios para as categorias funcionais envolvidas", segundo o diretor de Defesa Vegetal do Estado, Marcelo Camargo. Durante a mesma sessão, o presidente da Assembléia, Walter Feldman, convocou um congresso das comissões de Constituição e Justiça, de Agricultura e Pecuária e de Finanças e Orçamento para analisar a matéria na próxima terça-feira, 30/4, às 15 horas. Os funcionários também acompanham com atenção a tramitação de outro projeto que está na Casa, enviado pelo Poder Executivo: o Projeto de Lei 1/2002, que trata da subvenção do prêmio do seguro rural.Seguro ruralO projeto surgiu a partir de estudos feitos pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento e prevê que a subvenção ao prêmio do seguro rural seja feita com recursos do Fundo da Agropecuária e da Pesca. Na mensagem que acompanhou o envio do PL à Assembléia Legislativa, o governador Geraldo Alckmin lembra que um dos objetivos da proposta é disseminar a adoção do seguro rural, reduzindo riscos e o valor do prêmio. Mais do que medida de garantia contra perdas, se torne instrumento de política agrícola.O pagamento da subvenção será feito por meio de seguradoras que participarem de programas definidos pela secretaria. Um dos setores beneficiados é o de agronegócio familiar, que pode transformar-se com a redução de riscos e o incentivo ao cultivo que emprega alta tecnologia. O PL 1/2002 já esteve na Ordem do Dia da sessão extraordinária de terça-feira passada, mas não foi votado.Fundo de despesas e queima da palhaMais dois projetos enviados pelo Poder Executivo referentes ao setor agrícola tramitam em regime de urgência na Assembléia. O Projeto de Lei 155/2002, publicado no Diário Oficial do Poder Legislativo no dia 20 de março, aguarda parecer da Comissão de Finanças e Orçamento. Ele propõe a instituição do Fundo Especial de Despesa na Secretaria da Agricultura, cujos recursos se destinariam às atividades de pesquisa e desenvolvimento regional realizadas pela Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios (APTA).De acordo com a mensagem que acompanha o projeto, os recursos gerados no âmbito do Departamento de Descentralização do Desenvolvimento da APTA - por meio de cessão de direitos de propriedade intelectual, contribuições de pessoas físicas, jurídicas e de entidades internacionais e multas não tributárias, entre outros - vai permitir "a criação de pólos regionais de desenvolvimento tecnológico dos agronegócios, consolidando-se o caráter regional da pesquisa nesse campo". Entre as atividades previstas com os recursos do fundo estão a contratação de especialistas para a formação de novos núcleos de pesquisa, a realização de intercâmbios e a concessão de bolsas.A eliminação gradativa da queima da palha da cana-de-açúcar - adotada como método de pré-colheita - provocou mais polêmica entre os parlamentares: o Projeto de Lei 380/2001 foi publicado em junho passado e recebeu 72 emendas e quatro substitutivos. "A medida está norteada pela necessidade de promover o desenvolvimento social e econômico em harmonia com a preservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente", afirma a mensagem do governador Geraldo Alckmin.A proposta prevê a eliminação total da queima da cana da palha, a contar de 2002, ao fim de seis anos, na lavoura mecanizável, e de 13 anos nas áreas não mecanizáveis. O governo estadual se compromete ainda a, junto com os municípios, promover a requalificação profissional dos trabalhadores envolvidos na atividade, o aproveitamento energético da queima da palha e o desenvolvimento de equipamentos que não impliquem dispensa de elevado número de trabalhadores da colheita. Dispositivos que delimitam territórios para a realização da queima, antes de sua extinção, visam, segundo o projeto, proteger reservas indígenas, estações de energia e áreas de interesse ambiental. O PL 380/2001 aguarda parecer do relator da Comissão de Defesa do Meio Ambiente.