Deputado lembra estudantes mortos na ditadura militar


08/11/2006 18:03

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Em pronunciamento na tribuna da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira, 8/11, o deputado Fausto Figueira (PT) homenageou os estudantes Antônio Carlos Nogueira Cabral e Gelson Reicher, da Faculdade de Medicina da USP, assassinados em 1972 por se oporem à ditadura militar. Os dois estudantes, conforme Fausto Figueira, serão homenageados nesta quinta-feira, 9/11, pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC), da Faculdade de Medicina, e pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com a inauguração de um memorial.

"Cumprimento o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República pela homenagem que farão aos dois estudantes nesta quinta-feira. É fundamental que o Brasil tenha memória e que lembremos o que foi o golpe militar que instalou em 1964 uma ditadura e praticou abusos, torturas, prisões ilegais, mortes e fez pessoas desaparecerem neste país", disse o deputado.

Figueira lembrou que Antônio Carlos Nogueira Cabral era presidente do Centro Acadêmico quando foi assassinado. Na versão oficial, sua morte teria ocorrido após tiroteio em que o estudante teria resistido à prisão na casa em que morava. "Cabral era militante da Aliança de Libertação Nacional (ALN) e morreu aos 23 anos. A vizinhança afirma que não houve tiroteio. Seu corpo entrou no IML pelas mãos do DOPS como desconhecido e foi entregue à família em caixão lacrado com ordens expressas de não ser aberto", relatou o parlamentar.

Já o estudante Gelson Reicher, também militante da ALN e fuzilado aos 23 anos por agentes do DOI/CODI, foi enterrado no cemitério Dom Bosco, em Perus, com o nome falso de Emiliano Sessa. Sua morte teria ocorrido "em intenso tiroteio com agentes de segurança", conforme a versão oficial. "Levantamento da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos comprovou a prática de tortura após os tiros, o que levou Richer a falecer", contou Fausto Figueira, atual 1º secretário da Assembléia Legislativa.

O deputado lembrou que na época das mortes era estudante da Faculdade de Medicina da USP e atendia no pronto-socorro do Hospital das Clínicas. "Pessoas metralhadas nas ruas eram torturadas durante o atendimento médico. Elas eram espancadas com socos em cima de seus tiros", denunciou. Para evitar as torturas, conforme Figueira, "procurávamos, na medida do possível, tirá-las rapidamente do pronto-socorro e levá-las para dentro do centro cirúrgico".

"Se vivemos hoje numa democracia é por causa de pessoas como Antônio Carlos Nogueira Cabral e Gelson Reicher. E se estamos presentes na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, hoje aberta e livre, é porque, na época da ditadura militar, vários deputados foram presos, com mandatos cassados, e também porque pessoas como Cabal e Reicher resistiram e sacrificaram suas vidas ", concluiu Fausto Figueira.

ffigueira@al.sp.gov.br

alesp