Opinião - Perigo no mar


25/11/2011 15:43

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As primeiras notícias divulgadas pela imprensa, no final de semana passado, davam conta de que havia ocorrido em vazamento em um poço de extração de petróleo nas costas brasileiras. De início, falou-se algo em torno dos mil barris, o que seria insignificante quando citamos, por exemplo, a capacidade de transporte de um navio petroleiro. E a empresa, responsável pela extração, minimizou o fato, talvez apostando na omissão do Poder Público, e garantiu que todas as providências haviam sido tomadas.

E, ingenuamente, acreditamos nisso. Acreditamos, até que a Polícia Federal entrou no caso e divulgou algo preocupante: o vazamento era muito maior do que havia sido noticiado e, mais sério ainda, a quantidade de embarcações tentando resolver a situação era muito menor do que o previsto.

O valor das multas aplicadas parece algo alarmante, quando na verdade esses valores também são insignificantes se comparados ao faturamento mensal da empresa. O risco é que, pagando as multas, as empresas do gênero possam continuar sujando o oceano e mostrando a nossa fragilidade quanto à fiscalização.

Sim, fragilidade! Quem nos garante que temos condições de manter uma fiscalização atuante, de modo a impedir que novos acontecimentos desse porte se repitam? A nossa fiscalização existe? É eficaz? Tem meios para impedir novos casos? Não devemos nos esquecer de que além do vazamento em si, e as suas consequências para o meio ambiente, precisamos ficar atentos a algo mais sério. Empresas de todo o mundo, especializadas na extração de petróleo, mantém os olhos voltados ao nosso litoral, principalmente à área do pré-sal. E ali, o tipo de extração de petróleo é mais complicado, feito em profundidades jamais experimentadas.

O vazamento que agora atinge o nosso oceano é um alerta. Precisamos ficar muito atentos ao que será feito na área do pré-sal. Esperar que a embalagem se quebre, para depois chorarmos pelo leite derramado, será uma temeridade. O governo brasileiro precisa rever tudo o que foi feito, analisar muito bem o que foi, e o que será assinado em termos de contrato, e ficar munido de toda a segurança para que não tenhamos algo pior do que já ocorreu em várias partes do mundo. Vazamentos como aqueles ocorridos no Alasca e no golfo do México podem ser pequenos ante o que poderá ocorrer no mar territorial brasileiro.

*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado.



"O valor das multas aplicadas é insignificantes se comparado ao faturamento mensal das empresas petrolíferas"

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