Opinião - 2011 - Ano Internacional dos afrodescendentes


14/10/2011 17:40

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Um passo importante em direção as tentativas da total erradicação das desigualdades que pesam sobre as comunidades negras foi dado pela Organização das Nações Unidas " ONU, que declarou 2011 como Ano Internacional para os povos afro-descendentes.

Esta medida tem como objetivo reforçar o compromisso político das nações do mundo para erradicar o racismo, principalmente contra afrodescendentes, que quase sempre veem negados seus direitos fundamentais: saúde, educação, segurança e justiça.

O Ano Internacional é uma ocasião para chamar atenção às persistentes desigualdades que ainda afetam essa parte importante da população, inclusive no Brasil. Aos afro-descendentes que amargam os mais baixos índices de sobrevivência e de escolaridades, mesmo habitando em nações desenvolvidas, resta a vitimização do racismo.

Na minha concepção, este decreto vem corrigir um erro histórico, pois o tráfico transatlântico de escravos foi o maior holocausto perpetrado neste planeta, apavorante não apenas pelas barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade.

A perspectiva sociocultural brasileira, Casa Grande & Senzala (Gilberto Freire), segue retratando nossa realidade atual. A casa grande das classes dominantes dispõe de privilégios intocáveis, ao passo que a senzala dos afrodescendentes conta apenas com favores, com as migalhas... Na história do Brasil, cada vez que os moradores da senzala tentaram transformar os favores em direitos adquiridos, a resposta foi o chicote, o exército e a polícia.

O Ano Internacional para os Povos Afro-descendentes deve ser acolhido com um passo decisivo na extinção da maior chaga da humanidade que é o preconceito racial. Parabenizo a iniciativa da ONU, que vem dar pleno direito para um povo, uma raça, uma etnia que tem apesar de todos os dissabores, a estranha mania de ter fé na vida.



* José Candido é deputado estadual pelo PT

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