OS DESAFIOS DO PPS E DE CIRO GOMES - OPINIÃO

Arnaldo Jardim*
18/06/2001 15:55

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Há tempos, temos afirmado que o povo brasileiro quer uma oposição afirmativa, com propostas. Uma oposição que aposte na estabilidade econômica, associada a um desenvolvimento sustentado, centrado no fortalecimento do sistema produtivo do país.

É esse o papel que vem sendo desempenhado pelo PPS e por Ciro Gomes. Não é por acaso que o partido é o que mais cresce no país. No Estado de São Paulo já somos mais de 580 vereadores e vários prefeitos já se somaram aos 32 eleitos no pleito municipal do ano passado.

São os frutos de quem não aposta no "quanto pior melhor" e nem vê na desgraça alheia um trampolim para o crescimento.

Esse avanço qualitativo do partido deve ser creditado a uma atuação propositiva que, ao mesmo tempo, desmistifica o atual modelo econômico e propõe soluções factíveis.

A crítica ao modelo econômico está centrada na sua fragilidade. Com pés de barro, o modelo de FHC sustenta-se numa política de juros altos, na atração do capital especulativo, na submissão aos interesses do capital financeiro internacional e na manutenção, a ferro e fogo, de uma estabilidade, mesmo que isso pressuponha estagnar a economia e sacrificar qualquer política de desenvolvimento.

As propostas de Ciro Gomes e do PPS chamam as lideranças sociais para o debate programático e para a construção do país solidário, com uma política econômica que permita a convivência com o sistema financeiro internacional, fundamentada no fortalecimento da poupança e nos sistemas produtivos internos. Em contraposição à globalização a qualquer preço, o discurso do PPS está centrado na "desmistificação" das "leis de mercado", no combate aos oligopólios e no aperfeiçoamento das cadeias produtivas, capazes de gerar poupança, emprego e distribuir a renda. Enquanto FHC se vangloria do desmonte do aparelho do Estado, Ciro e o PPS têm a convicção da necessidade de aparelhar o Estado com políticas públicas que permitam ao cidadão se apropriar do país, especialmente, aperfeiçoando os setores de saúde e educação, de modo a inserir os excluídos e construir rapidamente a base de cidadania.

No entanto, temos a consciência de que esse modelo alternativo que será testado nas eleições de 2002 precisa ser mais do que um projeto eleitoral. Precisamos vencer as eleições e construir uma hegemonia capaz de governar e colocar essas idéias em prática.

Isso não é tarefa para um só homem e para um só partido. Precisamos continuar a construir cotidianamente um bloco de alianças capaz de mudar o modelo econômico, mas, sobretudo, capaz de transformar as relações políticas. Não dá mais para se construir uma hegemonia baseada no "toma lá, dá cá". Esse modelo se esgotou nestes anos da tríplice aliança de FHC e não contará mais com o apoio da sociedade.

É preciso, pois, avançar rumo a uma democracia participativa, incluindo o povo e a sociedade organizada na gestação desse novo modelo econômico e político que se inicia desde já e que terá continuidade a partir da vitória das oposições em 2002.

Arnaldo Jardim é deputado estadual, engenheiro Civil, presidente estadual do PPS, foi secretário da Habitação em 1993 e relator geral do Fórum SP Séc. XXI.

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