Opinião - Metalúrgicos e nordestinos no Sírio-Libanês

Em seus oito anos de governo, Lula iniciou um processo irreversível de desenvolvimento humano e econômico no País
07/11/2011 16:22

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Finalmente a precariedade do atendimento do SUS ganhou destaque na mídia nacional e foi reconhecida pela elite brasileira. Infelizmente, o estopim do debate não foi o descaso dispensado à saúde ao longo de toda a década de 1990 e início de 2000, tampouco a tentativa de privatização dos leitos públicos pelo governo paulista, barrada pela Justiça, ou a crença na universalidade do acesso ao direito à saúde.

O reconhecimento da insuficiência dos serviços de saúde está acontecendo às avessas. A elite brasileira não fica indignada com a falta de leitos, remédios e médicos que penaliza a população pobre. Faz vistas grossas, finge não saber que a utopia do SUS " atendimento único, universal a toda as pessoas ", uma ousadia brasileira, ainda não se concretizou porque o lobby das empresas de saúde é tão forte e pernicioso quanto o do agronegócio, do latifúndio e do narcotráfico.

A elite brasileira e seus porta-vozes nos meios de comunicação lutam para manter as coisas como sempre foram. Cada qual no seu lugar. As lutas sociais a obrigaram a misturar-se a pobres e negros nos bancos das igrejas, elevadores e ruas. Mas ela resiste bravamente e tenta conservar lugares exclusivos, proibitivos a estes segmentos.

Zelam por seus hospitais e escolas. Orgulham-se das mensalidades altíssimas que pagam, mas não têm vergonha de pedir restituição de imposto de renda por elas " na prática, recebem financiamento público para manter seus privilégios.

Essa gente, recentemente, ficou estarrecida porque um ex-presidente da República acionou seu plano de saúde para se submeter a um tratamento de câncer. Outras autoridades da política já se trataram no mesmo hospital. Muitos artistas também lá estiveram. Qual o estranhamento, então, pelo fato de o ex-presidente Lula ter plano de saúde que oferece cobertura do Sírio-Libanês? O que há de tão pitoresco em um câncer de laringe?

A elite brasileira, e também aqueles que não têm seus rendimentos, mas reproduzem seus preconceitos em redes sociais, não perdoam Lula. Não que tenham perdido privilégios " suas fortunas ainda não foram taxadas, seus latifúndios ainda permanecem quase intactos; seus lucros com o tráfico de droga e outras formas de crime organizado ainda são lucrativos.

O problema é justamente o ainda. Lula, em seus oito anos de governo, com habilidade, inteligência e sensibilidade iniciou um processo irreversível de desenvolvimento humano e econômico no País. Há um longo caminho a percorrer até atingirmos a justiça social, que inevitavelmente terá de gerar a distribuição de renda. Mas Lula representa a possibilidade de continuidade desse processo.

Atacar Lula não é propriamente uma novidade para a elite e seus porta-vozes. Tentaram o golpe em 2005; jogaram sujo contra a reeleição em 2006; espernearam em 2010. Nada adiantou... O povo brasileiro ficou ao lado de Lula na vida pública.

Agora, enquanto uma minoria macabra e preconceituosa escarnece de sua doença, a maioria manifesta sua solidariedade. Apenas para exemplificar, conto que, quando foi noticiada a doença do ex-presidente, estávamos no Encontro Nacional de Fé e Política, realizado em Embu das Artes. Juntas, mais de 5 mil pessoas, de todos os Estados e diferentes religiões, oraram pela saúde de nosso companheiro.

Quanto à efetivação do SUS, o PT continua intransigente na sua defesa. É verdade que a maioria dos metalúrgicos e famílias nordestinas não tem acesso a hospitais do padrão do Sírio-Libanês... ainda!



* Geraldo Cruz é deputado estadual pelo PT

alesp