Violência em escola: caso de polícia

OPINIÃO
29/07/2005 10:14

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Afanasio Jazadji*

Professores, funcionários e alunos retornam às escolas com o fim das férias de julho. Chega a época de o governo estadual, as administrações municipais, os pais e as comunidades buscarem fórmulas para fazer com que as escolas públicas voltem a ser locais de educação, formação e cultura, sem violência. Professores reclamam que continuam sendo vítimas de violência por parte de maus alunos em todo o Estado de São Paulo, apesar de as estatísticas oficiais apontarem uma queda do número de casos de agressividade nos últimos três anos.

Percebe-se claramente que agressões verbais e até físicas de professores por alunos têm a ver com a crise de educação e de respeito que atinge o País há algum tempo. Mas é triste o fato de o recinto escolar ser invadido pela mesma violência assustadora das ruas de São Paulo, Campinas, Santos e outras cidades paulistas. Escolas deveriam ser templos sagrados do saber, preparados para educar crianças e jovens, encaminhando-os para a ética e para profissões, com o objetivo de tornar o Brasil melhor. Infelizmente, porém, as notícias apresentam um crescente número de vandalismo e violência em salas de aula, nos corredores, nos pátios e nos arredores das escolas.

Em 1995, Mário Covas assumiu o governo paulista e, ao acabar com o Baneser, órgão que contratava funcionários "marajás", despediu também os guardas de escolas, mantidos por aquela mesma instituição, mas com salários abaixo de R$ 1.000,00 mensais. Sem proteção, as escolas ficaram vulneráveis.

Nestes 10 anos, o governo do Estado, sem um número adequado de policiais, tentou alternativas que não foram além da demagogia, como o projeto de manter as escolas abertas nos fins de semana para atrair a comunidade a eventos de músicas e esportes. Está provado que a vigilância, por parte de policiais ou simples guardas desarmados, inibe o crime, tanto na rua quanto na escola. Traficantes de drogas agem livremente diante do abandono que atingiu as escolas públicas.

A decadência aumentou com a decisão do governo Covas de impedir a reprovação até mesmo dos piores alunos, como forma de ampliar a ajuda financeira do Banco Mundial. O qualidade do ensino caiu e o ambiente escolar ficou assustador. Casos de agressão de estudantes a professores se multiplicaram. E houve até episódios de assassinatos de professores e diretores por alunos.

Pouco antes das férias escolares de julho, numa escola da Zona Leste da Capital, uma professora com quase 30 anos de magistério levou bofetada de uma aluna de 14 anos porque havia exigido que a garota parasse de cantar na sala durante a aula. A aluna agressora foi expulsa, mas a professora entrou em depressão. Professores recorrem a psicólogos. O secretário da Educação, exibicionista, sempre presente em festas da elite e em encontros de políticos, espalha um marketing deturpado para tentar mostrar a falsa idéia de que a violência nas escolas públicas tem sido atenuada. A agressividade persiste! É caso de polícia! Quando as escolas voltarão a ser escolas de verdade?

Afanasio Jazadji é deputado estadual pelo PFL

alesp